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Padre é condenado à prisão nos EUA por acobertar abuso

Sacerdote católico da Filadélfia ficará até seis anos na cadeia por não proteger crianças do assédio de clérigos

Sentença é a 1º do tipo e, segundo especialistas, transmite 'aviso' a alto clero católico sobre risco de abafar denúncias

DO “NEW YORK TIMES”

O monsenhor William J. Lynn, primeiro clérigo católico nos EUA a ser condenado por acobertar abusos sexuais cometidos por sacerdotes sob sua supervisão, foi sentenciado ontem a entre três anos e seis anos de prisão.

"O senhor sabia muito bem o que era o certo, monsenhor Lynn, mas optou pelo errado", disse a juíza M. Teresa Sarmina, ao ditar a pena.

Ex-assessor de um cardeal, Lynn foi condenado em 22 de junho por colocar uma criança em risco.

O julgamento durou mais de dois meses e trouxe à tona um esforço de décadas da arquidiocese de Filadélfia para minimizar acusações de abuso sexual infantil e evitar escândalos.

Lynn foi secretário do clero da arquidiocese entre 1992 e 2004, recomendando padres para cargos e investigando queixas de abusos.

No julgamento, a promotoria apresentou provas de que ele tinha protegido padres abusadores, em alguns casos transferindo-os para paróquias novas onde não havia vigilância, e mentido para evitar publicidade negativa e processos judiciais.

Os advogados de Lynn pediram à juíza que o poupasse da prisão convencional porque seria uma pena "cruel e incomum" e "não atenderia a finalidade alguma".

Os promotores pediram penalidade máxima, de até sete anos de prisão. Disseram que a gravidade do crime do clérigo -possibilitar acesso contínuo a crianças a predadores sexuais conhecidos como tais- era "indescritível". Argumentam que a conduta dele não constituiu exceção, mas era "parte de uma prática contínua e sistemática".

Especialistas na igreja dizem que o julgamento e condenação do clérigo transmitiram a bispos e outros membros de alto escalão da Igreja Católica no país um aviso sério sobre as consequências de ignorar abusos sexuais.

Os advogados de Lynn vão recorrer da condenação.

Tradução de CLARA ALLAIN

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