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Caos financeiro de regiões é nova dor de cabeça europeia

Na Espanha, três governos regionais, entre eles o da Catalunha, já pediram resgate ao poder central em Madri

Itália também vive situação preocupante; dez cidades estariam com problemas, além da região da Sicília

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O pedido de resgate da Catalunha ao governo central da Espanha, no início da semana passada, evidencia que a crise econômica na Europa não mais afeta apenas os governos centrais dos países da zona do euro.

Tradicionalmente uma das regiões autônomas com maior anseio separatista do país, a Catalunha teve de recorrer a Madri para não quebrar, depois de registrar uma dívida de € 42 bilhões no primeiro trimestre do ano.

Essa foi a terceira região, das 17 que existem na Espanha, a pedir socorro ao governo do premiê Mariano Rajoy em menos de dez dias. A primeira foi Valencia, no dia 20 de julho, com uma dívida de € 20,832 bilhões, causada pelo colapso de seus setores bancário e imobiliário -os mesmos problemas de Madri.

Em seguida veio Múrcia, com dívida menor, na casa dos € 3 bilhões. Os governos autônomos estão explorando a possibilidade de contar com recursos de um fundo de € 18 bilhões criado recentemente pelo governo central para auxiliar seu financiamento.

Enquanto isso, o próprio governo Rajoy tem de lidar com as pressões no mercado internacional de títulos de dívida pública, em que os papéis da Espanha com vencimento em dez anos estão sendo negociados acima da casa de 7% de juros -patamar em que Grécia e Portugal foram obrigados a pedir socorro.

Para alguns analistas, os problemas regionais tornam ainda mais plausível a hipótese de que o país precise recorrer a um amplo empréstimo internacional, depois de ter definido um pacote de socorro de € 100 bilhões restrito a seu setor bancário. A dívida das regiões influencia diretamente o resultado da dívida pública nacional.

Raj Badiani, especialista em Espanha na consultoria IHS Global Insight, afirma à Folha que está preocupado com "uma Catalunha sem dinheiro, sendo forçada a aceitar condições impostas a qualquer injeção de capital feita pelo governo central e a se submeter a maior controle de Madri".

A Catalunha é responsável por cerca de 20% do total do PIB (Produto Interno Bruto) da Espanha. O economista também teme que as regiões de Andaluzia, Castilla La Mancha, Ilhas Canário e Baleares precisem recorrer ao governo central.

"A Espanha está sendo inundada por um fluxo de situações adversas, enquanto até mesmo acontecimentos positivos são deixados de lado ou desconsiderados pelos mercados de títulos de dívida pública", diz Badiani.

ITÁLIA

Cenário similar é encontrado na Itália. De acordo com o jornal "La Stampa", ao menos dez cidades, incluindo Nápoles e Palermo, enfrentam problemas.

O primeiro-ministro, Mario Monti, já demonstrou publicamente preocupação com a região autônoma da Sicília, que está perto de não ter como pagar sua dívida.

O governo central, que busca implementar cortes, diz que as administrações municipais gastam muito e de forma pouco controlada.

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