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Dilma defende 'nova etapa' do Mercosul com Venezuela

Presidente enfatiza benefícios econômicos da entrada de Caracas no bloco

Cúpula em Brasília, sem a participação do suspenso Paraguai, oficializou o ingresso do país de Chávez no grupo

Alan Marques/Folhapress
Dilma aguarda o presidente Chávez na rampa do Planalto
Dilma aguarda o presidente Chávez na rampa do Planalto

DA ENVIADA A BRASÍLIA
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff defendeu que a integração da Venezuela ao Mercosul, selada ontem em Brasília, inicia uma "nova etapa" no bloco, que se transforma em potência alimentar e energética. Ela prometeu exibir "resultados concretos" na adaptação do país às regras do grupo até dezembro.

O discurso de Dilma, momentos depois de acertar a compra de seis jatos da Embraer pela Venezuela (leia texto nesta página), enfatizou as razões econômicas para a incorporação -criticada por acontecer à revelia do Paraguai, suspenso do bloco desde o impeachment de Fernando Lugo, em junho.

Segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a meta é encurtar de quatro anos para seis meses os passos para a plena adesão de Caracas, que vão desde mudanças tarifárias até padronização de código de 11 mil produtos e adoção de normas legais comuns do bloco.

"Vamos ver se resolvemos nos próximos seis meses. Até 1º de janeiro de 2013, queremos ter plenamente realizadas as metas de ingresso da Venezuela", disse.

A aposta é alta, e o próprio Itamaraty admite que há processos difíceis de serem acelerados em tão pouco tempo.

O embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilién Sánchez, disse que a Venezuela está comprometida com a aceleração e que o processo "não começa do zero", já que vários pontos vinham sendo negociados desde 2009.

Enquanto Dilma preferiu frisar as vantagens econômicas da adesão, seus colegas de bloco escolheram comparações históricas e a contraposição do Mercosul com as associações de países ricos.

Para Hugo Chávez, o ingresso representa para o país a "maior oportunidade histórica em 200 anos".

"O ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercado Comum do Sul tem alguma semelhança com o dia em que este povo do Brasil elegeu como seu presidente Luiz Inácio Lula da Silva [em 2002]", discursou.

Ele usou a cerimônia no Planalto, da qual participaram também Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai), para defender seu país dos críticos que lhe chamam de "neoditadura" e "regime autocrático": disse que processo democrático do país "amadureceu muito" e convidou empresas a investirem na Venezuela.

PARAGUAI

Coube à anfitriã Dilma Rousseff referir-se ao incômodo do isolamento do Paraguai, repetindo que o bloco não vai impor sanções econômicas ao país.

"Nossa perspectiva é que o Paraguai normalize sua situação institucional interna para que possa reaver seus direitos plenos no Mercosul", disse a presidente.

Em comunicado, o Paraguai classificou como "ilegal" e um "atropelo inaceitável" a incorporação da Venezuela sem o consentimento do país.

No texto, a chancelaria do país considera o texto assinado em Brasília uma "grosseira violação" ao Tratado de Assunção -que instituiu o bloco-, sem efeito legal.

A expectativa é que o Paraguai seja readmitido no bloco após as eleições de 2013. (FLAVIA MARREIRO, FLÁVIA FOREQUE E KELLY MATOS)

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