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Papel da religião pós-Assad divide rebeldes

Muitos rejeitam criação de Estado islâmico; outros se aproximaram do islã durante conflito

DO ENVIADO A ALEPPO

Não há civis à vista. A rua que leva ao front está ocupada por rebeldes, com exceção de dois homens com barba longa e "galabia" (túnica árabe), que acompanham de perto a troca de tiros.

Protegido das balas no vão entre dois prédios, Mohamed, 46, conta que eles fazem parte de um grupo islâmico criado no início da revolução contra o ditador Bashar Assad, chamado de "Ibn Khatab".

"No início, fazíamos só protestos pacíficos, mas depois o grupo se armou", diz.

Professor de islã de uma escola secundária em Idlib, ele diz que foi ao front para dar apoio espiritual ao grupo.

"Metade dos combatentes tem o islã como base para a luta contra a injustiça do regime", conta. "Não quer dizer que seu objetivo é a sharia [lei islâmica], mas a busca por justiça."

Em pleno jejum do ramadã, fumam e bebem água entre uma e outra corrida até a linha de frente.

Formado na universidade islâmica de Al Azhar (Egito), ele diz que o grupo não tem elo com a Irmandade Muçulmana, movimento que fundou o islã político moderno e teve vitória histórica na eleição egípcia, dois meses atrás.

O papel da religião divide os rebeldes. Muitos rejeitam a criação de um Estado islâmico, caso Assad seja derrubado. Mas há uma parcela considerável que se aproximou da religião durante o acirramento do conflito.

"O mundo não nos ajuda e só temos Deus para nos ajudar", diz Samir, 20, com uma mochila com dois morteiros antitanque nas costas. "Assad nunca respeitou o islã e essa revolução veio para corrigir isso."

(MN)

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