Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

BC Europeu não age e decepciona mercado

Presidente do órgão, Mario Draghi, promete plano anticrise para as 'próximas semanas' e derruba Bolsas no mundo

Draghi havia prometido fazer 'todo o possível' pelo euro; investidores querem ações em vez de promessas, diz analista

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, decepcionou os mercados ao dizer que o BCE planeja comprar títulos da dívida dos países em crise no continente, mas sem anunciar nenhuma medida concreta -ele prometeu um plano detalhado "nas próximas semanas".

Na semana passada, Draghi tinha dito que faria "tudo o que fosse possível" para preservar a união monetária na Europa -o que alimentou a expectativa de que, além de definir a taxa básica de juros do continente (mantida em 0,75%), o BCE anunciasse ontem novas ações de estímulo.

Draghi pediu ainda que os 17 países da eurozona usem seus fundos de resgate para comprar títulos dos países mais pressionados pela crise, como Espanha e Itália, reduzindo os custos para que se financiem -altas taxas desses papéis são sinal de desconfiança dos investidores.

O presidente do BCE insistiu em que a situação do continente requer medidas mais fortes do que as que os líderes do bloco têm apresentado e disse que a decisão de manter o juro básico no nível mais baixo responde à "sensação de agravamento da crise e suas consequências".

A fala de Draghi teve o efeito de um balde de água gelada no mercado, com quedas nas Bolsas dos principais países europeus (Alemanha, França e Reino Unido) e no índice Dow Jones, da Bolsa nova-iorquina, que recuou 0,7% -no Brasil, a Bovespa fechou em baixa de 1,37%.

Na Espanha, a repercussão da entrevista foi ainda pior: além de a Bolsa de Madri cair 5,16%, os títulos da dívida espanhola com vencimento em dez anos voltaram a ultrapassar a casa dos 7%, nível considerado insustentável por economistas. O euro também sofreu desvalorização (0,8%).

'QUEM MANDA'

As "não medidas" do BCE vieram a público um dia depois que o Fed (banco central dos EUA) admitiu que a recuperação americana estava mais lenta -mas, do mesmo modo, não anunciou ação imediata, dizendo apenas que "agirá como necessário".

Em coro, analistas criticaram o discurso dos formuladores de política econômica nos EUA e na Europa. "Continuam sendo só promessas", disse à agência Associated Press Dan Greenhaus, da consultoria BTIG, sobre a fala de Draghi. "E os investidores estão cansados de promessas. Querem ação", acrescentou.

Outro analista de mercado, Craig Erlam, lembra que Draghi se reuniu com Jens Weidmann, presidente do banco central alemão, antes da entrevista coletiva de ontem -maior potência europeia, a Alemanha não vê com bons olhos a injeção de mais dinheiro no sistema financeiro.

"Draghi parecia derrotado na entrevista. Ela serviu para mostrar quem é que manda", comentou o analista.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.