Alemanha apoia compra de títulos pelo BC Europeu

Depois de pressionar o Banco Central Europeu (BCE) na semana passada a não se desvirtuar de seu objetivo principal, o controle da inflação, o governo alemão indicou ontem que aceitará que a instituição volte a comprar títulos de dívida pública de países em crise.

A manobra é crucial para Itália e Espanha, que sofrem com o aumento nos juros de seus papéis -reflexo da desconfiança dos investidores quanto à capacidade de honrar seus compromissos.

Se o BCE agir no mercado e comprar os títulos de papéis em crise, isso fará com que os juros caiam e com que os investidores se tranquilizem quanto à possibilidade de que os governos tenham de pedir socorro financeiro à União Europeia.

No fim da semana passada, o premiê espanhol, Mariano Rajoy, declarou que poderia pedir um acordo de socorro para seu país, dependendo das exigências do BCE.

A Espanha já acertou um pacote de € 100 bilhões com as autoridades europeias para recapitalizar seus bancos.

Ontem, Georg Streiter, vice-porta-voz do governo de Angela Merkel, disse a jornalistas que "essa decisão é assunto exclusivo do governo espanhol, e não é competência do governo Merkel".

Apesar do apoio do governo, o independente BC alemão reiterou ontem ser contra a compra de títulos de países pelo BCE -a instituição é o principal entrave para que o programa seja retomado.

A imprensa alemã também mostra sinais de insatisfação com os planos do BCE. A revista "Der Spiegel" analisa que a instituição está se distanciando de seu papel original e que ações desse gênero contrariam o princípio de que o BCE não deve financiar Orçamentos de governos.

Para convencer a Alemanha a apoiar a proposta, o presidente do BCE, Mario Draghi, definiu algumas condições para a atuação do banco. Os países precisarão se comprometer a implementar reformas estruturais e medidas de consolidação fiscal.