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Com a Síria, Irã promete 'eixo' contra o Ocidente

Enviado do aiatolá Ali Khamenei reitera apoio do país ao ditador Bashar Assad

Expressão ecoa a do 'eixo do mal', criada pelo ex-presidente dos EUA George Bush para definir seus inimigos

Sana/Reuters
O enviado especial do governo do Irã, Said Jalili (à esquerda), durante encontro com o ditador sírio, Bashar Assad, em Damasco, a capital do país
O enviado especial do governo do Irã, Said Jalili (à esquerda), durante encontro com o ditador sírio, Bashar Assad, em Damasco, a capital do país

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

Um emissário do líder supremo do Irã visitou ontem o ditador sírio, Bashar Assad, para reiterar o apoio de Teerã ao regime de Damasco contra os rebeldes e prometer que o "eixo da resistência" ao Ocidente será mantido.

A viagem de Said Jalili, representante do aiatolá Ali Khamenei, expõe a preocupação do Irã com o enfraquecimento do principal aliado regional e com a situação dos cidadãos iranianos capturados por insurgentes sírios em circunstâncias obscuras.

"O Irã não permitirá que o eixo de resistência, do qual considera a Síria uma parte essencial, seja destruído de qualquer maneira que seja", disse Jalili em Damasco.

Esse "eixo de resistência" seria uma aliança formada por Irã, Síria, o grupo libanês Hizbollah (misto de milícia xiita e partido político) e o Hamas, que domina a faixa de Gaza, para se contrapor aos interesses do Ocidente e de Israel no Oriente Médio.

A expressão ecoa o "eixo do mal" decretado por George W. Bush, então presidente dos EUA, em 2002, para definir os maiores inimigos do Ocidente após os ataques de 11 de setembro de 2001: Iraque, Irã e Coreia do Norte.

O Irã, governado por um regime xiita, está alinhado à tese oficial de Assad -cujo clã xiita-alauita controla a Síria- de que o levante sírio é um complô terrorista a mando de países ocidentais e islâmicos sunitas, como Qatar, Arábia Saudita e Turquia.

Jalili, que também é o principal nome de Teerã nas negociações nucleares, prometeu o envio de mais ajuda humanitária à população síria.

A TV estatal síria mostrou à exaustão imagens do encontro entre Jalili e Assad, numa das raras aparições públicas do ditador sírio desde que um atentado em Damasco matou quatro altos dirigentes do país no mês passado.

Segundo analistas, o Irã quer evitar a queda de Assad, que selaria o fim do único aliado estratégico de Teerã no Oriente Médio.

O governo iraniano teme que um eventual isolamento regional incentive seus inimigos a acelerar os planos de mudança de regime.

REFÉNS IRANIANOS

Ontem, Damasco minimizou a fuga do premiê Riyad Farid Hijab, alegando que ela não implicará impacto algum no Estado sírio.

Além da aliança de interesses geopolíticos, Jalili e Assad trataram da situação dos 48 iranianos reféns das forças rebeldes. Os insurgentes afirmam que os capturados são agentes iranianos infiltrados para ajudar a esmagar o levante anti-Assad.

Teerã alega que são peregrinos que visitavam santuários xiitas na Síria e disse que os EUA serão responsabilizados por quaisquer maus-tratos aos reféns -anteontem, rebeldes anunciaram que três deles morreram em suposto ataque das forças de Assad.

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