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Análise

Promessa do BC Europeu reduz pressão por ação dos governos

CLAIRE JONES
DO "FINANCIAL TIMES"

Depois de uma reação inicial de desapontamento, os mercados parecem ter decidido que gostam, sim, afinal, do plano mais recente do Banco Central Europeu (BCE) para salvar o euro.

Mas, assim como foi exagerado seu pessimismo inicial em relação à proposta de comprar títulos da dívida, os mercados agora correm o risco de enxergar demais na aparente reviravolta de atitude da Espanha ao indicar que pode aceitar a oferta.

E alguns analistas temem que, ao colocar sobre os políticos o ônus de agir primeiro, o BCE possa estar limitando sua margem de manobra.

Erik Nielsen, economista-chefe do UniCredit, comentou: "O BCE pode estar ingressando em terreno perigoso quando agora faz questão de condições políticas específicas antes de empreender operações de mercado".

Ironicamente, o fato de o BCE ter assinalado que o banco comprará mais dívida governamental se Espanha e Itália concordarem em prometer reformas mais rígidas reduziu a pressão para que esses países ajam.

Os custos de empréstimos de curto prazo caíram, sem que fosse assumido nenhum compromisso nem comprados títulos de dívida.

Ken Watrett, do BNP Paribas, afirmou: "Se as pessoas imaginam que tudo será resolvido em questão de dias ou semanas, elas vão se decepcionar. É possível que passemos meses no limbo".

É pouco provável que, antes de setembro, o BCE revele mais sobre os detalhes de seu novo programa de aquisição de títulos de dívida.

O guardião monetário da zona do euro terá que continuar a jogar segundo as regras dos membros mais intransigentes do conselho de direção do banco, membros esses que incluem não apenas o presidente do BC alemão, mas também os presidentes dos bancos centrais holandês e finlandês.

Apesar dessas dificuldades, a maioria dos especialistas crê que o BCE tenha pouca escolha que não defender aquisições de títulos de dívida condicionados aos governos agirem primeiro. "A condicionalidade é a diretriz básica do BCE", disse Richard Barwell, economista do RBS.

"A única saída desta crise requer que os países periféricos adotem as reformas pedidas a eles. Basicamente, o BCE está dizendo 'se vocês cumprirem o prometido, ficaremos ao seu lado'."

Tradução de CLARA ALLAIN

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