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Corte culpa mulher de líder chinês por crime Em julgamento de 8 horas, Gu Kailai é responsabilizada por morte de empresário britânico; pena, porém, não é divulgada Advogada é casada com Bo Xilai, expurgado pelo PC da China; tribunal abre brecha para livrar a ré da pena de morte
Num julgamento que durou só oito horas, a advogada Gu Kailai, mulher do líder expurgado Bo Xilai, foi declarada principal culpada pela morte do empresário britânico Neil Heywood. O veredicto, porém, não foi divulgado. Em nota lida a jornalistas estrangeiros, um porta-voz do tribunal de Hefei (leste da China) afirmou que Gu, 53, ministrou a Heywood uma dose fatal de veneno num quarto de hotel de Chongqing, cidade de 32 milhões no sudoeste do país, administrada por Bo até março. "Os fatos criminais são claros, e as provas são sólidas", disse o porta-voz Tang Yigan, segundo relato do jornal "New York Times" em Hefei. "Gu Kailai é a principal culpada, e Zhang [Xiaojun, guarda-costas] é o cúmplice." A nota oficial do tribunal afirma ainda que o assassinato ocorreu na noite de 13 de novembro. O envenenamento teria ocorrido quando o britânico pediu um copo com água após vomitar devido ao consumo de álcool e de chá. Nesse momento, Gu teria colocado veneno na boca de Heywood. A substância havia sido trazida por Zhang Xiaojun, que também se sentou no banco dos réus. O comunicado afirmou que Heywood era parcialmente responsável pelo crime porque havia ameaçado a segurança do filho de Bo e Gu, Bo Guagua, 24, que vive no exterior e se formou em maio pela Universidade Harvard (EUA). Essa atenuante abre uma brecha para livrar os réus da pena de morte. O relato oficial do julgamento de ontem, porém, deixou questões em aberto: a origem do veneno, qual era a relação econômica entre Heywood e a família Bo e qual a ameaça contra Bo Guagua. Foram divulgados só alguns segundos do julgamento. Gu aparece de pé e demonstra calma. Está vestida sobriamente, com terno preto sobre uma camisa branca. Hoje, o tribunal deve julgar quatro policiais de Chongqing, acusados de acobertar o crime -não houve autópsia no corpo de Heywood. O julgamento de Gu, tido como o politicamente mais importante em três décadas, teve cobertura discreta da imprensa estatal. Na cidade de Hefei, escolhida por estar a centenas de quilômetros de Chongqing, a única manifestação foi de um grupo de 12 maoistas que apoiam Bo. O ex-chefe do Partido Comunista de Chongqing foi afastado do cargo em março e colocado em prisão domiciliar, assim como a mulher. O escândalo acabou com suas chances para uma das nove vagas do Comitê Permanente, órgão máximo do governo chinês. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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