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Europeu corta celular, cinema e academia

Dados mostram decisões da população para se adequar a uma economia em recessão e com desemprego em alta

Em Portugal, 20% das academias de ginástica fecharam suas portas; na Itália, 78% reduzem idas aos restaurantes

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

Salas de cinemas mais vazias, restaurantes sem filas de espera, linhas de celular que não têm mais dono e aparelhos de musculação, outrora concorridos, que passam horas sem gerar suor.

Esses são alguns dos reflexos na vida real dos europeus, fruto de uma crise que teve início em 2008 e parece cada vez mais grave, apesar dos inúmeros planos e promessas elaborados pelas autoridades nesse período.

A retração do PIB, apontada pelos dados oficiais, mostra a economia mais fraca no continente, mas outros indicadores retratam melhor a cara "humana" da crise.

Os europeus estão cortando na carne e, muitas vezes, além dela.

O número de pessoas nos cinemas caiu 0,4% na União Europeia no ano passado, após recuar 1,8% em 2010.

Porém, esse número é muito grave nos países que estão no olho da crise. Na Espanha, a venda de ingressos teve queda de 7,1%. Na Itália, foi ainda pior: 7,9%.

"Eu saio muito menos", afirma a espanhola Cristina Rial, 28. "Tenho que comer e viver. O resto é luxo. Não deveria ser, mas é assim que é."

Desempregada nos últimos meses (quase um quarto dos espanhóis não tem trabalho, taxa que não tem similar no bloco), ela deixou de ir a concertos, o que costumava fazer semanalmente.

RESTAURANTES VAZIOS

Não é só a cultura que perde com os problemas de uma economia que deve encolher 1,7% neste ano e continuar a perder força em 2013, de acordo com o FMI. Nos últimos três anos, 12 mil bares, restaurantes e similares (de um total de 232 mil em 2009) fecharam suas portas.

"Nós costumávamos fazer certas coisas, como sair para jantar de vez em quando ou sair de férias uma vez ou outra. Nada de extravagância. De repente, tudo acabou", afirma a também espanhola Mercedes González, 52.

Ela perdeu o trabalho em uma loja de sapatos em 2007. No ano seguinte, foram o seu marido e o filho.

"Você tem que usar menos luz, menos gás. Começa a cortar coisas de que não precisa realmente para que possa comer. Atividades de lazer não têm mais vez."

De uma família com renda mensal de € 2.500 (cerca de R$ 6.000), os González vivem hoje com aproximadamente um terço desse valor, graças aos benefícios concedidos aos desempregados.

Na Itália, que também deve encolher neste ano e no próximo, 3.400 restaurantes deixaram de funcionar no ano passado, contrariando a tese do então premiê Silvio Berlusconi, que disse no fim de 2011 que não havia crise porque "nossos restaurantes estão cheios de gente".

Segundo pesquisa, 78% dos italianos reduziram suas idas a restaurantes.

Em Portugal, uma das consequências da crise da recessão é que as pessoas deixaram de frequentar as academias de ginástica: 20% das empresas do setor encerraram as operações, por falta de gente para colocar os músculos para trabalhar.

A economia do país está em recessão, e 15,4% das pessoas estão desempregadas.

Na Espanha, o corte de gastos também se deu na telefonia. Mesmo com recessão e desemprego, o número de celulares continuou crescendo até novembro de 2011. Não mais: desde então, 1 milhão de linhas foram abandonadas (de 55 milhões).

Com agências de notícias

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