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Clóvis Rossi

Em 2016, 25 medalhas

É o que diz um estudo sobre o efeito-anfitrião. Mas eu prefiro confiar em outras mágicas

O Brasil ganhará no mínimo 25 medalhas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

É o que diria quem acredita que estatísticas, um bom retrovisor obviamente sobre o passado, podem ser também um farol de milha, capaz de iluminar o futuro.

Explico: Jose Ursua, um economista da Goldman Sachs, mergulhou em dados de todos os Jogos Olímpicos da era moderna, ou seja, desde Atenas-1896, e verificou que ocorre o que ele chama de "efeito anfitrião".

O país-sede acaba ganhando pelo menos 50% mais medalhas. Como o Brasil levou 17 em Londres, só esse efeito lhe daria 25, sem considerar o esforço que o governo e a iniciativa privada certamente farão para evitar um papelão.

Deixo claro que levo estatísticas muito a sério, mas apenas como retrovisor.

Até porque o estudo de Ursua tem seus problemas. Diz ele que "os níveis de renda per capita estão fortemente associados com a conquista de medalhas". Londres desmente a teoria: a China tem baixo nível de renda per capita (está em algum posto perto do 100º lugar), mas foi segunda colocada em medalhas.

A Etiópia é campeã mundial de baixa renda per capita, mas, não obstante, conquistou sete medalhas em Londres, mais que emergentes como a África do Sul (6), o país mais rico da África, e a Turquia (5), país meio europeu.

Não é o caso, portanto, de sacralizar estatísticas e acreditar que o "efeito anfitrião" será suficiente para levantar a autoestima do brasileiro, danificada pelos Jogos de Londres, depois de um par de anos de crescimento. O que é preciso fazer já foi exposto na Folha por José Henrique Mariante e Melchiades Filho. Nada a acrescentar.

Passo por isso ao segundo ponto do estudo, que são os ganhos econômicos de ser anfitrião.

Nesse capítulo, Ursua ilumina pouco ou nada, pela simples e boa razão de que uma Olimpíada produz ganhos mensuráveis e outros intangíveis. Uma coisa é saber quando rendeu a venda de ingressos, quanto entrou por turismo ou pelas atividades comerciais direta ou indiretamente ligadas à competição.

Outras "são mais difíceis de quantificar" e "incluem quaisquer mudanças nos comportamentos sociais ou individuais que afetem os incentivos aos trabalhadores, o ambiente de negócios, a confiança das pessoas e, mesmo, as expectativas quanto ao futuro".

Ressalvadas as dificuldades de cálculos precisos, o Brasil, de todo modo, parte em desvantagem. "Um país com melhor infraestrutura física e capacidade de organização da segurança está, em tese, em melhor posição para minimizar os custos e maximizar os benefícios associados aos jogos".

Preciso dizer que, em matéria de infraestrutura, o Brasil não ganha medalha nem de lata? Em segurança, também estamos longe de padrões civilizados, mas suspeito que, durante os Jogos, tudo será feito, inclusive pôr o Exército na rua para garantir a tranquilidade dos visitantes e preservar a imagem do país.

Tudo somado, fica claro que, dentro e fora dos locais de competição, o Brasil terá que treinar duro para se dar bem em 2016.

crossi@uol.com.br

AMANHÃ EM MUNDO

* Julia Sweig*

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