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Análise

País tem o desafio de conciliar crescimento com ajuste fiscal

SAMY DANA
MIGUEL BANDEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde o ano passado, o crescimento da economia japonesa está fortemente associado aos investimentos públicos destinados à recuperação das áreas devastadas pelo tsunami do ano passado.

Desta vez, porém, o impacto positivo dos investimentos públicos sobre o PIB (Produto Interno Bruto) japonês foi mitigado por dois fatores em especial: o consumo das famílias e a balança comercial.

O excesso de importações sobre as exportações teve um efeito negativo sobre o PIB japonês da ordem de 0,1 ponto percentual.

O resultado pode ser explicado pela fraca demanda externa, motivada pela dificuldade de crescimento de grandes importadores do Japão, como os EUA e a China.

Além disso, o Japão tem uma grande necessidade de importar fontes energéticas alternativas para compensar os estragos feitos pelo tsunami em sua matriz nuclear.

Como se tudo isso não bastasse, só no trimestre passado a valorização do iene em relação ao dólar foi de 4%.

Do ponto de vista interno, o fraco desempenho do consumo das famílias está associado à queda na remuneração dos trabalhadores japoneses. Em julho a queda foi de 0,5% com relação ao mesmo período do ano anterior.

Tal queda pode ser explicada pelo fato de que as empresas diminuem salários para compensar as dificuldades em exportar mercadorias.

O resultado do PIB do segundo trimestre revela que o Japão depende cada vez mais dos investimentos públicos para manter as taxas de crescimento. O grande problema é que, tal como a maioria dos países europeus e os Estados Unidos, o Japão já possui uma elevada dívida pública.

Diante de um cenário de incerteza, no qual já se cogitou um calote de economias até então tidas como sólidas, a desconfiança dos mercados com relação a países que já possuem uma elevada dívida pública aumenta, e esses países se veem obrigados a adotar medidas que visem gerar uma superavit primário se não quiserem ver os juros da sua dívida aumentar.

Com o Japão não será diferente. Nesse sentido, o governo japonês aprovou recentemente o aumento da tributação sobre consumo de 5% para 10%. Os impactos dos ajustes fiscais sobre o crescimento são a grande preocupação para o futuro

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