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Análise

Para sair do círculo vicioso, bloco tem de buscar produtividade, não apenas cortar

EVALDO ALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A grande questão com relação à economia da Europa está em identificar se ela está à beira de um abismo ou se a recuperação ocorrerá durante os próximos meses.

Os dados são contraditórios. A Alemanha apresenta crescimento, modesto para nossos padrões, com o PIB subindo 0,3% em relação ao trimestre anterior. Considerando o cenário europeu, ainda houve crescimento.

No que diz respeito à economia francesa, que no passado constituía a outra fonte de dinamismo, não agregou nada à região na medida em que o crescimento foi de zero, ficando o desenvolvimento econômico postergado.

Por outro lado, as economias que contribuem para o agravamento da crise, que são os demais países da União Europeia, apresentaram uma queda na produção industrial de 0,6% no mês de junho em relação a maio -a contração foi de 2,1% se for comparada com o mesmo período do ano passado.

As medidas para contornar esse cenário, na Alemanha, de acordo com as declarações das autoridades econômicas, deverão ser buscadas por meio de aumentos da produtividade, ao lado da expansão do mercado interno.

No entanto, a economia alemã enfrenta aumento dos custos de produção em decorrência da crise energética, na medida em que um grande número de centrais nucleares foi desativado.

O núcleo mais problemático do bloco é constituído pelos demais países além da Alemanha e França, que apresentam graves problemas fiscais e alto nível de endividamento, deixando implícita a ideia de que a Europa está à beira de uma profunda recessão.

Para sair do círculo vicioso, a maioria dos membros precisaria, além do ajuste fiscal, buscar também o aumento de produtividade.

A batalha do aumento da produtividade deveria ser travada em duas frentes, uma por meio do desenvolvimento tecnológico, a outra via diminuição de custos de produção.

Se os três núcleos de países -Alemanha, França e os demais da União Europeia- caminharem no sentido dos ajustes elencados acima, em que pese sua difícil implementação, os próximos meses não serão anúncio de um cenário europeu catastrófico.

A crise europeia tem consequências para o Brasil na medida em que perdemos mercados no nosso maior parceiro comercial, como bloco. A crise afetará, portanto, o crescimento econômico brasileiro, o emprego e o bem-estar da população, na exata medida de sua dimensão.

EVALDO ALVES é professor de economia internacional da FGV-EAESP

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