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ONU identifica apoio de radicais a grupos rebeldes

DE SÃO PAULO

O atentado de ontem em Damasco é o tipo de ação que só é possível com a ajuda externa aos rebeldes, afirma o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão de investigação da ONU sobre os direitos humanos para a Síria.

Apesar de a influência e a presença estrangeira nos dois lados do conflito ter sido tratada de uma maneira muito "delicada" no relatório apresentado ontem pela comissão ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Pinheiro diz que este é um ponto de grande preocupação no atual estágio da crise.

"Há a presença do que chamamos de grupos radicais islâmicos estrangeiros. Alega-se que vários comandantes do Exército Livre da Síria (ELS) são sunitas iraquianos", disse Pinheiro a jornalistas em São Paulo.

Segundo ele, não é possível precisar se tais grupos estão ligados, por exemplo, à rede Al Qaeda. "Não temos evidência direta da presença deles, mas há um enorme acumulado de informações, inclusive pelo sistema ONU, de que estão presentes."

Pinheiro assegura que a ajuda externa não chega apenas para um lado. Mas ele não confirma a suspeita de presença de membros da Guarda Revolucionária do Irã no país para lutar ao lado das forças do regime.

POTENCIAL AGRESSIVO

A principal constatação do novo relatório, cujas principais conclusões foram antecipadas ontem pela Folha, é a mudança na situação militar.

Segundo Pinheiro, há um maior "potencial agressivo das operações" do regime, que tem usado "de forma quase sistemática aviões de combate e helicópteros".

O documento destaca que o governo, os grupos paramilitares, conhecidos como "shabbiha", e as forças rebeldes cometeram "crimes de guerra".

Pinheiro diz que não é possível comparar o poderio e a violência do ainda forte Exército de Assad com as forças de oposição. "O governo tem 300 mil homens e uma cadeia de comando basicamente intacta", diz, destacando que as deserções, em sua maioria, foram de baixo escalão.

"Não dá para ter vitória militar da oposição nem que chovam mais armamentos. E quem está pagando por isso é a população civil", diz.

(ISABEL FLECK)

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