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Senado argentino aprova expropriar gráfica ligada a vice

Empresa foi salva da falência graças a companhia que estaria vinculada a Boudou; oposição critica resultado

Vice diz que é alvo de campanha dos meios de comunicação; Cristina ainda não comentou a questão publicamente

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O Senado argentino aprovou ontem a lei que expropria a gráfica conhecida como ex-Ciccone, suspeita de estar relacionada a um caso de tráfico de influências do qual faz parte o vice-presidente do país, Amado Boudou.

Apesar das fortes críticas da oposição, a sessão foi presidida pelo próprio Boudou, que é também líder do Senado. A medida obteve 44 votos favoráveis e 20 contra.

APROVAÇÃO

Agora, falta a aprovação dos deputados. A sessão nessa Câmara, onde o governo tem maioria, será na quinta-feira da semana que vem.

A ex-Ciccone, cujo nome atual é Companhia de Valores Sudamericana, imprime notas de 100 pesos e, durante a campanha presidencial que elegeu Cristina Kirchner, no ano passado, produziu também folhetos de propaganda eleitoral.

Durante a gestão de Boudou como ministro da Economia, no primeiro governo Cristina (2007-2011), a empresa foi salva da falência, recebendo um investimento de 1,8 milhão de pesos por meio de outra companhia que estaria vinculada a Boudou, a London Supply.

O caso começou a vir a público em março, quando a ex-mulher do diretor da ex-Ciccone, Alexandre Vanderbroele, disse num programa de rádio que seu ex-marido era um "testa de ferro" do vice-presidente argentino.

O caso ganhou grande repercussão por parte da imprensa crítica ao governo, principalmente dos jornais "Clarín" e "La Nación", que trouxeram mais evidências dos vínculos do vice-presidente com empresários.

Em sua defesa, Boudou diz que há uma campanha dos meios de comunicação e nega conhecer Vanderbroele.

AFASTAMENTO

Por pressão do vice-presidente, a Justiça afastou o juiz e o promotor inicialmente responsáveis pelo caso. A presidente argentina não comenta a questão nem defende Boudou publicamente.

Ao abrir a sessão ontem, o senador kirchnerista Aníbal Fernández disse que a expropriação visava permitir que o Estado voltasse a ser soberano na impressão de bilhetes.

"É imperiosa a necessidade de recuperar algo que nunca deveria ter deixado de ser do Estado", afirmou.

Já a oposição fez discursos indignados. O senador Ernesto Sanz (União Cívica Radical) disse que expropriar uma empresa que é acusada de ter relações ilícitas com o vice-presidente era uma "tropelia típica de uma republiqueta".

Ele pediu ainda que os funcionários públicos se sentassem no "banco de acusados ainda no exercício do poder", referindo-se a Boudou.

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