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Garotas de banda punk são condenadas na Rússia

Membros do Pussy Riot recebem sentença de 2 anos de prisão após crítica a Putin

Decisão da Justiça russa gerou críticas em todo o mundo, por ser vista como simbólica da falta de liberdade no país

Mikhail Voskresensky /Reuters
Policial persegue uma manifestante que escalou as grades da embaixada da Turquia em Moscou, próximo ao tribunal
Policial persegue uma manifestante que escalou as grades da embaixada da Turquia em Moscou, próximo ao tribunal

MARINA DARMAROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MOSCOU

Em uma decisão vista como simbólica da falta de liberdade política na Rússia, a Justiça condenou ontem três integrantes do grupo punk Pussy Riot ("Revolta da Vagina", em inglês) a dois anos de prisão por "vandalismo motivado por ódio religioso".

Nadezhda Tolokonnikova, 22, Maria Alekhina, 24, e Yekaterina Samutsevich, 30, estavam presas desde março, após uma performance do grupo contra o então candidato à Presidência Vladimir Putin na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou.

No altar da igreja que é um dos símbolos da Rússia pós-soviética, as jovens com os rostos cobertos por balaclavas cantaram, em fevereiro, a música de protesto "Virgem Maria, Livrai-nos do Putin".

A igreja ortodoxa russa é fiel aliada do governo, e a ação foi aberta pela Promotoria, ligada a Putin. "As ações das garotas foram um sacrilégio, uma blasfêmia e quebraram as regras da igreja", disse a juíza Marina Sirov.

Presas num cubo de vidro, as jovens riram constantemente durante as três horas em que a juíza proferia o veredito. A acusação havia pedido três anos de sentença.

Nas últimas semanas, o julgamento se tornou uma causa célebre. Artistas como Madonna e Paul McCartney deram apoio às garotas.

Tão logo saiu a decisão, manifestantes em diversos locais do mundo se manifestaram, com máscaras, em apoio às integrantes do grupo. Governos de diversos países também protestaram.

Os EUA pediram que a Rússia revisasse a sentença, e a União Europeia a qualificou como "desproporcional". A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, se disse "decepcionada".

Já a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional pediu que as autoridades russas anulem a sentença e liberem as jovens.

Centenas de pessoas se reuniram do lado de fora do tribunal para protestar a favor das jovens.

"Essa ação é contra a lei, é uma perseguição à juventude inteligente, progressiva e intelectual. Achar que elas precisam ser castigadas é fruto da propaganda da TV de Putin", disse à Folha a editora de livros Maria Arkhípova, 46.

Pessoas carregando placas foram detidas e levadas em ônibus da polícia, entre elas o ex-campeão de xadrez Garry Kasparov.

Para o crítico de arte Andrei Erofeev, 56, o processo mostra uma mentalidade autoritária. "Na liderança do nosso país está um homem totalmente soviético, com uma mentalidade soviética e costumes soviéticos, que não conseguiu mudar", afirmou.

NA INTERNET
Veja o vídeo do protesto
folha.com/no1138831

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