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Análise

Zona do euro pode aprender com a crise latino-americana

LARRY ELLIOTT
DO "GUARDIAN"

Hoje é um importante aniversário na história econômica recente, já que neste dia, em 1982, o México anunciou a moratória da sua dívida internacional, em um evento que marcou o início do que ficou conhecido como a crise da dívida do terceiro mundo.

Passadas três décadas, aquela crise agora é do primeiro mundo. Por México, leia-se Grécia.

Por bancos americanos, japoneses e britânicos reciclando ganhos dos anos 70 com petróleo em governos "subprime" da América Latina, agora há bancos norte-americanos e europeus concedendo crédito barato para donos de hipotecas "subprime".

A resposta para a crise é também quase idêntica. Em 1982, os governos da América Latina receberam dinheiro do FMI para pagar os bancos, que corriam o perigo de quebrar por sua estupidez. Na Grécia dos dias de hoje, o dinheiro é dado com uma mão e tirado com outra.

Condições draconianas foram impostas nos empréstimos, o que resultou em uma década perdida de alto desemprego, maior pobreza e contração econômica.

A dívida dos países afetados não caiu com o tratamento de choque, e, sim, subiu.

A dívida do México ante o PIB dobrou em cinco anos pós-1982 porque a economia entrou em colapso.

Existem duas lições óbvias para os dias atuais: haverá nova redução da dívida grega, seja por meio de anistia, seja por meio de calote. A segunda é que não mexer no sistema financeiro, sem reformas ou punições, é quase garantir uma nova grave crise da dívida.

Uma nova crise parece improvável neste momento porque os bancos estão relutantes em emprestar, mas, cedo ou tarde, as memórias do passado de excesso especulativo vão desaparecer, como ocorreu outras vezes, como no "crash" de Wall Street.

Algo pode ser feito para impedir que isso ocorra? Uma coisa que pode ajudar é repensar o modo como a ciência econômica é ensinada, já que a crença messiânica em modelos abstratos -e falhos-, aliada a uma falta total de perspectiva histórica, aumenta as chances de os erros serem repetidos.

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