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Mulher de líder chinês é condenada à morte, mas pena é suspensa

Na prática, sanção a Gu Kailai, acusada por homicídio de empresário em 2011, será convertida em prisão perpétua

Especialistas dizem que imagens do julgamento do dia 9 de agosto mostram uma mulher que não é Gu Kailai

DE PEQUIM

Gu Kailai, mulher do dirigente comunista expurgado Bo Xilai, foi condenada hoje (horário local) pela morte do empresário britânico Neil Heywood, mas escapou da condenação à morte.

Gu foi sentenciada à pena de morte suspendida, o que significa que será transformada em prisão perpétua após alguns anos de prisão.

Bo não foi mencionado durante todo o seu processo e o seu futuro continua incerto.

O julgamento de Gu e de seu guarda-costas, Zhang Xiaojun (condenado a nove anos), no último dia 9 de agosto, durou oito horas. A imprensa estrangeira não teve o acesso permitido, mas dois diplomatas britânicos foram autorizados a assistir.

Nos dias seguintes, vários pontos da versão oficial do julgamento foram colocados em dúvida. Amigos de Heywood questionaram a veracidade da suposta ameaça que o empresário teria feito contra Bo Guagua, 24, filho do casal, que estudava na Universidade Harvard (EUA) na época do assassinato.

Gu teria afirmado no julgamento que havia matado Heywood, com quem estava em atrito por causa de um envio ilegal de dinheiro ao exterior, para proteger seu filho.

Mas Heywood, um antigo amigo da família, e a advogada estariam juntos num quarto de hotel em Chongqing (sudoeste da China) consumindo chá e bebida alcoólica quando o empresário teria sido envenenado.

A imprensa estatal chinesa divulgou apenas alguns segundos do vídeo do tribunal. A aparência de Gu, diferente das imagens conhecidas, levantou especulações se de fato era ela na audiência.

Dois especialistas em reconhecimento facial disseram ao "Financial Times" que a pessoa que aparece nas imagens não é Gu.

Para que o julgamento fosse mais controlado, Gu foi julgada em Hefei, a centenas de quilômetros de Chongqing, megalópole de 32 milhões de habitantes onde Bo Xilai mantém popularidade e dezenas de aliados políticos.

Em março, e ex-chefe do Partido Comunista de Chongqing foi sacado do cargo e colocado em prisão domiciliar, assim como a mulher.

O escândalo enterrou a chance de Bo conseguir uma das nove vagas do Comitê Permanente, órgão máximo do governo chinês, que, após dez anos, terá sete cadeiras renovadas neste ano.

O escândalo, meses antes da sucessão, expôs fraturas dentro do partido e impediu uma almejada troca de comando sem sobressaltos.

Bo Xilai é ligado à ala mais conservadora do partido. (FABIANO MAISONNAVE)

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