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Obama admite plano de intervir na Síria

Presidente dos EUA diz ter reação preparada caso ditadura Assad cruze a 'linha vermelha', usando armas químicas

Citando risco a Israel, mandatário disse que conflito atinge outros países; ação militar ficou subentendida

DE WASHINGTON

O presidente Barack Obama subiu o tom ontem sobre a Síria ao advertir o regime de Bashar Assad de que o uso de armas químicas é uma "linha vermelha" e que os EUA têm planos de contingência para o caso de ela ser cruzada.

Embora sem afirmação explícita, a declaração deixa subentendido, pela primeira vez, que os EUA consideram uma ação militar nesse caso.

"Fomos claros com o regime de Assad e os demais envolvidos que a linha vermelha, para nós, é começarmos a ver um monte de armas químicas sendo levadas de lá para cá ou sendo usadas -isso mudaria meu cálculo", afirmou Obama, sem especificar quanto seria "um monte".

"Estamos monitorando a situação cuidadosamente, e desenhamos uma série de planos de contingência."

A declaração -um tom acima de outra no último dia 23, quando afirmara que o regime de Assad teria de "prestar contas" caso use armas químicas- veio após o presidente ser indagado sobre o conflito no país árabe em uma entrevista coletiva improvisada na Casa Branca, na qual focou temas eleitorais.

Seu governo tem sido criticado pela ala mais à direita por não intervir no conflito civil que se arrasta há um ano e meio e deixou cerca de 17 mil mortos, na conta da ONU.

Seu rival republicano nas eleições de novembro, porém, tampouco fala em ação militar. Em seu programa de governo, Mitt Romney diz ser impossível negociar com Assad, mas defende a pressão e o isolamento para derrubar o regime -não muito diferente do que Obama propõe.

A convergência atípica resulta das limitações de uma campanha em que a política externa foi jogada para escanteio pela economia, em meio à crise e ao ajuste fiscal.

Pelo mesmo motivo, e pela fadiga das guerras no Iraque e no Afeganistão, é difícil supor que uma eventual ação militar dos EUA venha a envolver soldados em campo.

Ontem, Obama evocou Israel e outros aliados ao dizer que o conflito civil não concerne apenas à Síria, e admitiu o risco de grupos hostis se apoderarem das armas.

"Não podemos ter uma situação em que armas químicas ou biológicas caiam nas mãos erradas", disse.

A declaração de Obama vem depois que um porta-voz da Chancelaria síria afirmou, em rede de TV no país, que o regime usaria armas químicas "apenas no caso de intervenção estrangeira".

O comentário foi lido como uma confirmação de que a Síria teria as armas, embora não se saiba em que volume. (LUCIANA COELHO)

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