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Colômbia e as Farc iniciam diálogo de paz, diz Santos

Presidente faz anúncio após notícia ser dada por TV chavista e rádio colombiana

Mandatário, porém, não confirma assinatura de acordo com a guerrilha em Cuba e diz que não haverá fim de combates

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou ontem que seu governo mantém "conversações exploratórias" com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) "para buscar o fim do conflito" armado mais antigo da América do Sul.

"Desde o primeiro dia do meu governo tenho cumprido com a obrigação constitucional de buscar a paz", disse Santos, em discurso na TV.

Foi a confirmação de informações divulgadas mais cedo pela Telesur, TV ligada ao governo Hugo Chávez, e pela rádio colombiana RCN.

Santos prometeu revelar "nos próximos dias" detalhes sobre a aproximação. Não mencionou assinatura de acordo formal em Cuba ontem para iniciar a negociação, tal como havia dito a Telesur. Tampouco confirmou informação da emissora de que a primeira reunião entre as partes ocorreria em Oslo, na Noruega, em 5 de outubro.

O presidente disse ainda que aceitava conversar com o grupo guerrilheiro ELN (Exército de Libertação Nacional). O grupo insurgente -com menos integrantes que as Farc- havia dito à agência Reuters que tinha interesse em negociar a paz.

O anúncio pode se tornar o maior movimento em 15 anos para o fim do conflito na Colômbia, que se arrasta desde os anos 1960.

A mais recente iniciativa, iniciada em 1998, fracassou. À época, as Farc se fortaleceram na área desmilitarizada que obtiveram como parte das negociações.

No pronunciamento ontem, Santos fez questão de se distanciar da experiência. "As operações e a presença militar serão mantidas sobre cada centímetro do território nacional", disse, enunciando o terceiro dos "três princípios" que guiarão o diálogo.

O segundo é evitar a prolongação do conflito. O primeiro, "aprender com os erros do passado".

Juan Manuel Santos assumiu o poder em 2010, cogitando a reabertura do diálogo com as Farc, que, liderada por Alfonso Cano -que morreria no ano seguinte-, propunha retomar conversações.

A ideia, porém, vem sendo atacada ferozmente pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que de padrinho político de Santos passou a adversário.

Há um outro grupo de especialistas, -como os do think tank International Crisis Group- que defende o diálogo porque diz que uma solução puramente militar para o conflito é impossível.

Apesar do acosso militar da última década, a guerrilha possui estimados 8.000 integrantes numa estrutura descentralizada que, financiada por dinheiro vindo de narcotráfico, é capaz de articular atentados até em cidades.

As Farc entregaram "prisioneiros de guerra" -soldados ou políticos- que consideravam "permutáveis" por guerrilheiros detidos e, em fevereiro, anunciaram que desistiriam de capturar civis. A ONG País Libre estima, porém, que mantenham em cativeiro 405 sequestrados comuns à espera de resgate.

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