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Crítica

Livro sobre Bin Laden parece romance de ação

Obra de militar americano sobre operação que eliminou terrorista é bem escrita e tem tudo para ser best-seller

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Não resta dúvida que será um best-seller. É a descrição em detalhe da morte de Osama bin Laden em maio do ano passado por um militar americano que participou da missão -incluindo ilustrações passo a passo da coisa.

Melhor ainda: o livro é muito bem escrito, pois teve ajuda de um jornalista para dar ainda mais dramaticidade à narrativa.

Apesar de a morte do terrorista ter sido descrita como uma "execução", não foi bem isso, segundo a descrição do autor do livro, Mark Owen (um pseudônimo, supostamente do militar Matt Bissonnette). Bin Laden foi trouxa.

Botou a cara para fora e levou um tiro na cabeça do soldado batedor que estava subindo até o terceiro andar da casa em que vivia em Abbottabad, Paquistão. E depois foi recheado de chumbo enquanto agonizava no chão.

O livro se lê como um romance de ação, um "thriller". E apesar de rápida, a tradução brasileira é bem feita, com um ou dois errinhos insignificantes (como dizer que o canhão do blindado Bradley tem calibre 20 mm em vez de 25 mm), ou chamar uma caminhonete com metralhadora de "tanque militar" (sic).

"Ele nem sequer esboçara uma defesa. Não tinha intenção de lutar. Pediu aos seguidores, durante décadas, que vestissem coletes suicidas ou atirassem aviões contra prédios, mas nem sequer foi pegar sua arma", escreveu o autor, que assim como todos os outros membros dos Seals, tem nomes inventados.

Seals são a força especial da Marinha dos EUA. A palavra "seal" quer dizer "foca" em inglês, mas no caso é um acrônimo das palavras "sea", "air" and "land", ou seja, trata-se de uma tropa que opera no mar, no ar e em terra.

E, no caso do autor, operou muito nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão.

TRUQUE NARRATIVO

O livro começa com um clássico truque narrativo: o autor está a bordo do helicóptero Black Hawk a caminho da casa de Bin Laden (o mesmo helicóptero que causou uma batalha ao cair na Somália em 1993; curiosamente, também operado pelas Forças Armadas do Brasil).

O helicóptero está caindo, a missão está indo para o ralo... E ele termina o prólogo e começa a falar da sua carreira militar. Vários capítulos depois, a história continua.

"O batedor subiu até o terceiro andar e depois se deslocou lentamente em direção à porta. Diferentemente do que o cinema costuma mostrar, não pulamos os últimos degraus e entramos no quarto disparando a esmo. Fomos devagar e com cuidado."

Apesar de detalhes do que o livro descreve aparentemente conflitarem com as descrições oficiais da época, o autor afirma que "nada do que se escreveu aqui pretende confirmar ou negar, oficialmente ou não, os acontecimentos relatados ou as atividades de qualquer pessoa, governo ou órgão oficial".

"Era a missão com que eu sonhava desde que assisti aos ataques de 11 de setembro de 2001 pela TV em meu quarto, no alojamento em Okinawa. Acabava de voltar do treino e cheguei bem a tempo de ver o segundo avião se chocar contra o World Trade Center", afirma o militar.

NÃO HÁ DIA FÁCIL

AUTOR Mark Owen (com Kevin Maurer)
EDITORA Paralela (264 págs.)
QUANTO R$ 29,90 (e-book, a ser lançado na próxima terça) e R$ 34,90 (a ser lançado na quinta)
CLASSIFICAÇÃO ótimo

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