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Eleições EUA

Romney ironiza Obama em discurso

À convenção republicana, candidato diz que não prometerá baixar oceanos, como fez o presidente, e aborda família

Em fala no final do evento, Romney mostra lado pessoal, aborda sua religião mórmon e promete criar empregos

Brian Snyder/Reuters
Romney acena ao subir ao palco da convenção republicana, antes do discurso no evento
Romney acena ao subir ao palco da convenção republicana, antes do discurso no evento

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A TAMPA

Cantando "America the Beautiful" (América a Bela), Mitt Romney fechou ontem a convenção do Partido Republicano que o coroou candidato à Casa Branca e ungiu seu vice, Paul Ryan, como astro maior com a seguinte mensagem: Barack Obama tem boas intenções, mas perdeu o pé da realidade e carece de experiência gerencial.

"A promessa de Obama é baixar o volume dos oceanos e curar o planeta. A minha é ajudar você e sua família", resumiu Romney, ironizando frase do presidente de 2008, ano em que foi eleito.

A retórica, presente no discurso de Ryan na véspera e repisada pelo candidato ontem com um verniz de otimismo ("Quando o mundo precisa de algo grandioso, é um americano que faz"), foi completada com propostas para a economia e a criação de empregos.

Será essa a linha de ataque na reta final de campanha até novembro, mais empresarial e menos personalista (Romney perde no último quesito).

"Gostaria que Obama tivesse dado certo, porque eu gostaria que os EUA tivessem dado certo. Mas suas promessas deram lugar à decepção e à cisão", afirmou.

"Não temos de aceitar isso. Agora é o momento em que podemos fazer algo. Com sua ajuda, faremos algo. Minha família merece mais. Meu país merece mais."

Os três dias de convenção tinham como meta apresentar o "lado humano" de Romney e aclarar pontos controversos, como sua religião e seu passado de gestor de investimentos. Ele falou de família e fé, e foi tema de uma espécie de "Esta é sua Vida".

Entre o senador Marco Rubio e o ex-governador Jeb Bush, discursaram ex-colegas do candidato, clientes de sua consultoria Bain Capital e sua vice no governo de Massachusetts (2003-07).

Mais importante, falaram fieis da congregação mórmon que ele dirigiu, encarregados de explicar sua fé cristã.

Para Michael Barone, analista conservador e autor do Almanaque da Política Americana, o eleitorado republicano está pronto para aceitar Romney. "Mais do que estava para aceitar John McCain em 2008", disse à Folha.

A sensação do evento, porém, foi Ryan. O vice abriu terreno para o candidato investir na autoestima americana, atacando Obama por suas decisões políticas e sua suposta inação sem questionar seu caráter.

"A questão não é a economia que ele herdou. É a economia em que vivemos", disse Ryan. "Jovens com diploma universitário não deveriam ficar até os 30 anos na casa dos pais, olhando para pôsteres desbotados de Obama e pensando na vida."

Segundo Barone, "os republicanos querem enviar a mensagem de que vão consertar a economia e que Romney sabe como fazer isso por causa de sua experiência nos negócios, mas também querem dizer que Obama não está funcionando".

"É uma inspiração na campanha da [ex-premiê britânica] Margaret Thatcher em 1979, de que o trabalhismo não está funcionando."

A convenção ainda resgatou a narrativa americana de subir na vida com o trabalho, enfatizada por gente como a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice -aplaudida em pé oito vezes- e Rubio.

Para o analista, é defesa preventiva -a riqueza de Romney é vista com desconfiança, e o partido quer deixar claro que sua fortuna, estimada em US$ 250 milhões, é fruto de trabalho.

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