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Aumenta segurança para conter protesto em torno de templo

Após episódio de autoimolação em Lhasa, área próxima a local sagrado recebe escudo antimotim, extintor e baldes

Falar abertamente do dalai-lama, exilado na Índia, e exibir sua imagem continuam a ser tabus na região

DO ENVIADO AO TIBETE

Na praça em frente ao templo Jokhang, no coração de Lhasa, dois escudos antimotim estão encostados em quatro extintores de incêndio, estes guardados por uma coberta grossa. Ao lado, há um balde com água.

O estranho arranjo tem um motivo. Em maio, dois tibetanos atearam fogo ao próprio corpo diante do templo mais sagrado do Tibete, em protesto contra o governo chinês. Um morreu e outro ficou gravemente ferido.

A autoimolação foi o protesto mais importante em Lhasa desde as manifestações às vésperas da Olimpíada de Pequim, em 2008.

Como consequência, o Barkhor, a região do entorno do templo, se converteu numa das áreas mais vigiadas de toda a China.

No dia em que a Folha visitou o local, o acesso ao Barkhor só era possível após apresentação de documento e vistoria de raio-x.

Há postos policiais a cada 50 metros, aproximadamente, reforçados por patrulhas militares ostensivas com armamento pesado.

Em pelo menos dois prédios, agentes de segurança vigiam com binóculos.

Mas há regiões no país ainda mais tensas. As autoimolações de religiosos tibetanos ocorrem principalmente em povoações da província de Sichuan, localizada próxima, mas fora da Região Autônoma do Tibete.

Os casos já chegam a 53 desde 2009 e estão se intensificando -mais da metade deles ocorreu neste ano.

O governo chinês diz que os protestos são instigados pelo dalai-lama, exilado desde 1959 na Índia, acusado de promover a independência do Tibete.

Falar abertamente do dalai-lama é um tabu em Lhasa. Imagens do líder espiritual tibetano são proibidas e costumam levar o portador à prisão.

No exílio, o dalai-lama diz que os protestos ocorrem por causa do "genocídio cultural" promovido pelo governo chinês, incluindo perseguição religiosa.

Ele diz que não incentiva as autoimolações, mas elogia a coragem dos manifestantes.

(FABIANO MAISONNAVE)

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