Análise

Partido mostra preocupação em estimular os latinos a ir votar

O principal discurso da primeira noite da convenção democrata foi do prefeito de San Antonio, Texas, Julián Castro, 37, estrela ascendente na política americana.

A escolha não foi aleatória. Castro representa um dos contingentes demográficos mais importantes dos EUA, os hispânicos, 16,3% da população.

O presidente Obama já tem vantagem de mais de 30 pontos percentuais nesse grupo social sobre seu opositor, Mitt Romney, segundo as pesquisas de intenção de voto.

Mas as mesmas pesquisas mostram que atualmente apenas 49% dos eleitores hispânicos mostram entusiasmo em relação ao pleito de novembro; em 2008, no início da convenção democrata, essa porcentagem era de 69%.

Como o voto não é obrigatório nos EUA, entusiasmar os simpatizantes para fazê-los ir às urnas é essencial a qualquer candidato. Este é um dos objetivos vitais da convenção. Esta era a missão de Castro e dos outros oradores de ontem.

Castro faz esta semana o papel do senador pela Flórida Marco Rubio na semana passada entre os republicanos.

Os dois discursos foram similares: contaram a biografia dos próprios oradores, ambos filhos de imigrantes paupérrimos, que se sacrificaram para dar a seus filhos a chance de serem quem agora são.

Com uma diferença fundamental: Rubio creditou tudo ao esforço individual dos pais, Castro reconheceu o papel de instrumentos do Estado para as coisas correrem bem.

No dia de ontem na convenção, Castro foi o futuro do Partido Democrata. Um comovente vídeo sobre o senador Edward Kennedy mostrou o passado. A primeira-dama Michelle Obama e o prefeito de Chicago Rahn Emanuel representaram o presente.

Todos, mais o atual governador de Massachusetts, Deval Patrick -que atacou com força seu antecessor no cargo, Mitt Romney- e outros mostraram um partido unificado em torno do presidente Barack Obama.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"