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Crescem atos anti-EUA no Oriente Médio

Embaixada americana é atacada no Iêmen, e 5 morrem; Tunísia, Irã, Iraque, Marrocos e Sudão aderem a protestos

Violência começou no Egito e na Líbia, onde embaixador foi morto; filme satírico a Maomé despertou ira religiosa

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Ainda sob o impacto do assassinato do embaixador americano na Líbia, protestos contra um filme anti-islâmico produzido nos EUA continuaram se espalhando ontem pelo Oriente Médio.

Sob gritos de slogans islâmicos, centenas de pessoas atacaram a embaixada americana no Iêmen.

Forças de segurança abriram fogo e cinco manifestantes foram mortos, mas outros conseguiram pular o muro da embaixada e arrancar a bandeira americana.

A crise deflagrada pelo filme "A Inocência dos Muçulmanos", que satiriza o profeta Maomé, fundador do islã, começou com protestos no Egito na segunda-feira.

Eles se repetiram na Líbia, onde terminaram com a morte do embaixador americano, depois em Marrocos, na Tunísia e no Sudão e ontem chegaram ao Irã e ao Iraque.

Mas a série de ataques antiamericanos ainda parece longe da epidemia de violência de 2005, quando protestos no mundo islâmico contra caricaturas de Maomé num jornal dinamarquês deixaram mais de cem mortos.

A revolta contra o filme mistura-se às disputas e tensões que afloraram com a Primavera Árabe, a onda de revoltas que derrubou ditadores no Iêmen, na Líbia, no Egito e na Tunísia.

Na Líbia, aumenta a suspeita de que o protesto contra o filme foi um pretexto usado por radicais islâmicos para atacar o consulado americano em Benghazi.

"A Primavera Árabe abriu uma caixa de Pandora", disse à Folha Salman Shailh, diretor do centro de estudos Brookings de Doha.

"Grupos fundamentalistas antiamericanos que antes eram reprimidos ganharam espaço. No caso da Líbia, têm armas de sobra para desafiar um Estado fraco."

No Egito, 224 se feriram em choques com a polícia no terceiro dia de protestos contra a embaixada dos EUA.

O filme não era o único alvo da revolta. Entre os manifestantes havia muitos membros dos "ultras", facção radical do time de futebol mais popular do Egito, Al Ahly.

Eles têm contas a acertar com a polícia desde que 74 pessoas morreram num jogo do time, no início do ano.

A Irmandade Muçulmana espera que os confrontos não se repitam hoje, na manifestação que convocou em repúdio ao filme anti-islâmico.

Em conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama, por telefone, o presidente egípcio, Mohamed Mursi, que pertence ao grupo, condenou os ataques antiamericanos e prometeu que as representações estrangeiras no Egito serão protegidas.

Mursi também criticou duramente o filme e pediu a Obama que puna os responsáveis. Para Obama, a relação com o Egito pós-Mubarak é um "trabalho em andamento". "Não os consideraria um aliado, mas não os consideramos um inimigo", disse.

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