Análise

Fotos de americanos mortos têm tratamento diferenciado

A agência estatal France Presse comprou as imagens com o embaixador americano sendo retirado do prédio na Líbia, aparentemente ainda vivo e sendo ajudado por líbios, de um fotógrafo "free lancer", não nomeado.

Principal jornal americano, o "New York Times" escolheu uma foto menos chocante da série e postou anteontem no 13º e último lugar de uma galeria sobre a notícia, em uma página interna, não na home page.

O editor do NYTimes.com argumentou depois, no próprio site, que era um "imperativo jornalístico", era notícia. "Não hesitamos em mostrar fotos de iraquianos e sírios mortos, de Gaddafi morto. Estamos em guerra há anos. Já mostramos um monte de corpos." Porém o jornal compreendia "por que as pessoas sentem que é mais perturbador ver a foto de um americano", daí o pouco destaque dado à imagem.

Outros sites, como o do canal Fox News, destacaram até mais, no alto da home. Começaram então as reações, de início de leitores, depois do Departamento de Estado, o ministério do exterior.

O "NYT" não aceitou tirar a foto do site, como pedido pela diplomacia americana, mas decidiu não dar na primeira página, na edição impressa do dia seguinte, ontem. Publicou no lugar uma foto da secretária de Estado, Hillary Clinton, ao lado do presidente Barack Obama. Justificou, no site, que ontem a imagem já não era tão importante quanto na quarta, como notícia.

A argumentação apresentada contra as fotos levou a críticas de jornalistas nos próprios EUA, via Twitter e blogs, com expressões como "horseshit", bobagem.

Outros jornais americanos também decidiram não destacar as fotos nas edições de ontem, como "Wall Street Journal" e o tabloide "New York Post". Já o tabloide "Daily News" e o "Los Angeles Times" deram na capa.

A ação do Departamento de Estado não se limitou aos jornais dos EUA. A Folha decidiu pela publicação, na capa de ontem. O argentino "Clarín" também. Os europeus "Guardian", "Le Monde" e "El País" evitaram a imagem na edição impressa.