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Análise

Candidatos nos EUA descumprem sempre promessas sobre a China

MINXIN PEI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde que EUA e China reataram relações diplomáticas, em 1979, a política em relação aos chineses tem recebido destaque nas eleições presidenciais americanas.

Em 1992, Bill Clinton criticou George Bush pai por "mimar" os tiranos de Pequim e prometeu acabar com o status comercial preferencial da China se o país não melhorasse no quesito dos direitos humanos. Em 2000, George W. Bush descreveu a China como "concorrente estratégica" e deu a entender que seria mais intransigente com Pequim que os democratas.

Na eleição presidencial deste ano, a China também emergiu como questão-chave de política externa. O candidato republicano, Mitt Romney, prometeu designar a China como "manipuladora de moeda" em seu primeiro dia na Casa Branca.

Acredita-se nos EUA que o governo chinês mantém o valor do yuan artificialmente baixo para tornar os produtos chineses mais competitivos e que isso resulta em perdas de empregos no país.

Romney aparentemente pensa que a questão pode beneficiá-lo nos disputados Estados do Meio-Oeste, especialmente Ohio, região em que o republicano precisa vencer e que já assistiu ao corte de centenas de milhares de empregos de operários devido à competição global.

A posição de campanha de Romney não parece, até agora, ter gerado nenhum impacto real no apoio a ele. É possível que esteja pregando para os convertidos, já que os operários brancos tendem a votar em candidatos republicanos de qualquer maneira.

O presidente Barack Obama reage às críticas de seu rival na eleição mostrando que também não é leniente com a China. Por exemplo, os EUA já moveram várias ações na OMC (Organização Mundial do Comércio) e, no último ano, impuseram tarifas antidumping a uns poucos produtos chineses importados.

A pergunta mais intrigante é se Romney vai realmente cumprir o que prometeu, se vencer em novembro. A julgar pela história, é mais provável que não o faça, porque nenhum de seus antecessores cumpriu suas promessas.

As relações com a China simplesmente são importantes demais. Hoje, com o comércio EUA-China movimentando mais de US$ 500 bilhões/ano, qualquer perturbação teria efeito devastador.

E, o que é mais importante, como a China possui US$ 2 trilhões em títulos do governo dos EUA ou avalizados por ele, poderia retaliar vendendo alguns desses papéis.

Isso prejudicaria a China, porque poderia fazer o yuan subir, levando a perdas de capital. Mas Washington sofreria as consequências da queda do dólar e da alta dos juros, coisa que um presidente não gostaria de ver ocorrer.

Logo, a posição de Romney sobre a China é ameaça vazia. Na eventualidade de o republicano tornar-se o próximo presidente dos EUA, ele mudará de ideia, como já mudou sobre outras questões.

MINXIN PEI é professor de administração pública no Claremont McKenna College.

Tradução de CLARA ALLAIN

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