Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Pode ser que não seja só 'a economia, estúpido!'

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

É evidente que a situação econômica de um país influencia qualquer eleição nacional: se é boa, quem está no poder se favorece, se é ruim, ele se prejudica.

Mas desde que James Carville, o marqueteiro de Bill Clinton, criou em 1992 o bordão "é a economia, estúpido" para explicar o favoritismo de seu candidato (à época na oposição), virou quase um dogma: presidente em economia ruim perde a eleição.

É verdade que a história até agora vem confirmando o pressuposto, mas é óbvio que o reducionismo não é absoluto. Barack Obama caminha decididamente para ser o primeiro presidente reeleito com o desemprego acima de 8%.

Há aspectos políticos, culturais, de personalidade que são capazes de superar a preocupação com a economia.

O opositor de Obama, Mitt Romney, permitiu tornar-se refém de uma plataforma conservadora demais para o gosto da maioria. Foi o único jeito para ele conseguir a candidatura de seu partido, sequestrado pela direita.

Mas, como ele individualmente nunca rezou por essa cartilha, não consegue convencer verdadeiramente os que ditam as regras e assusta o centro ideológico, sempre decisivo nos EUA.

Obama tem seu partido coeso em torno de si. As alas mais liberais estão frustradas com o primeiro mandato, mas não têm alternativa.

Além disso, o presidente soa muito mais simpático à maior parte dos americanos do que seu adversário (não se trata de ideologia, mas de empatia: se tivessem que escolher com quem tomar uma cerveja, muito mais gente escolheria Obama, mesmo porque Romney não bebe).

E o presidente jamais se referiria em público aos apoiadores do oponente como Romney falou dos seus no infame vídeo que pode ter sido o último prego em seu caixão eleitoral este ano.

Desde a convenção dos democratas, com o inestimável apoio de Bill Clinton, Obama só vê suas perspectivas melhorarem, em especial nos Estados indecisos, vitais para a vitória no Colégio Eleitoral.

Até no quesito sobre em quem os eleitores confiam mais para lidar com a economia, em que Romney sempre esteve à frente, as pesquisas indicam Obama como líder.

Pode ser que, afinal, não seja só a economia, estúpido.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.