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Japão e Taiwan travam 'batalha naval' por arquipélago no Pacífico

Navios pesqueiros taiwaneses entram em águas japonesas e são recebidos com jatos d'água

Controle das ilhas é disputado também pela China; atrito começou há duas semanas e levou a vários protestos

Yomiuri Shimbun/France Presse
Barco da Guarda Costeira do Japão lança água sobre pesqueiro de Taiwan
Barco da Guarda Costeira do Japão lança água sobre pesqueiro de Taiwan

DE PEQUIM

A Guarda Costeira japonesa usou jatos d'água para repelir cerca de 50 barcos de Taiwan que entraram por algumas horas em área em disputa do Pacífico, controlada por Tóquio.

O incidente abre mais um flanco na crise entre Japão, China e Taiwan em torno da soberania de um arquipélago na região.

A maioria das embarcações taiwanesas eram pesqueiras, resguardadas por ao menos oito barcos de patrulha. Um deles revidou a ação japonesa também com jatos d'água.

A Guarda Costeira japonesa afirmou que só disparou água porque eram embarcações pesqueiras. "Atirar com um canhão de água contra um barco oficial é como declarar guerra contra o país de origem", afirmou Hideaki Takase, porta-voz da vigilância japonesa.

Nos últimos dias, barcos de patrulha chineses entraram brevemente pelo menos três vezes nas áreas disputadas, recebendo advertências por alto-falante dos japoneses.

Tóquio, que mantém melhores relações com Taiwan do que com a China, enviou reclamação aos taiwaneses por causa do incidente.

Taiwan é considerada uma província rebelde por Pequim e não é reconhecida formalmente pela grande maioria dos países, mas funciona como Estado independente.

No mesmo dia, o vice-ministro japonês Chikao Kawai se reuniu por quatro horas em Pequim com o colega chinês, Zhang Zhijun, mas sem avanços. A Chancelaria chinesa disse que a conversa foi "franca e profunda" e que "a China jamais tolerará violações à sua soberania".

A região do arquipélago desabitado, chamado de Senkaku pelos japoneses, Diaoyu pelos chineses e Tiaoyutai pelos taiwaneses, é rica em pesca e tem grande potencial para gás.

A atual crise começou há duas semanas, quando o governo japonês anunciou a compra do arquipélago de um grupo privado. A intenção declarada era evitar que o prefeito ultranacionalista de Tóquio, Shintaro Ishihara, cumprisse a promessa de adquirir as ilhas.

A compra foi duramente rechaçada por Pequim, que viu na nacionalização uma mudança no status das ilhas em disputa. Nas ruas, milhares protestaram diante da embaixada e atacaram símbolos do país vizinho, inclusive carros de marcas japonesas, mas de donos chineses.

Enquanto os ânimos não se acalmam, a disputa dá prejuízo a empresas que atuam nos dois países. A companhia aérea japonesa JAL informou que 15,5 mil reservas já foram canceladas e vai suspender seis voos diários.

A Toyota, que chegou a paralisar temporariamente a produção na China, anunciou corte da produção para o mercado chinês, prevendo queda nas vendas. A expectativa inicial era vender 1 milhão de unidades neste ano.

(FABIANO MAISONNAVE)

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