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Análise

Espanhóis precisam agir para evitar riscos à democracia

DO “FINANCIAL TIMES”

O que começou como tempestade econômica se transformou em crise política grave. Em meio ao descontentamento popular e a protestos separatistas, a Espanha cambaleia rumo a um momento decisivo: se o governo não agir de maneira vigorosa, o arranjo democrático que orienta o país desde a morte de Franco estará em risco.

O anúncio do Orçamento para 2013 não muda o quadro. A Espanha persiste na austeridade excessiva favorecida pela zona do euro, mas ela está agravando a crise.

Em meio a uma feroz recessão, Madri vai retirar cerca de € 40 bilhões da economia para reduzir o deficit do setor público. A crise econômica e o desemprego obscenamente elevado são causados ao menos em parte por uma visão rigorosa demais quanto às finanças públicas do país, que não vão tão mal, sob padrões da zona do euro.

O anúncio talvez não elimine completamente as esperanças de que a Espanha escape, cambaleando, à crise, de parte dos mercados, investidores e políticos, de Bruxelas a Berlim. Tão importante quanto os números sobre impostos e gastos é a ênfase em manter as reformas.

O Orçamento talvez não esteja "direcionado exclusivamente à promoção do crescimento e emprego", como alega o governo, mas é verdade que algumas das medidas não orçamentárias, como a liberalização da energia e uma reforma na educação, podem ajudar a criar uma economia mais saudável na Espanha, depois da crise.

Dada a atual situação política da zona do euro, porém, seria vão esperar uma política menos rigorosa, que permitisse que a economia respire enquanto o país se ajusta às reformas estruturais.

A questão é determinar se os imperativos políticos da união monetária europeia são compatíveis com as pressões políticas que fervilham em Madri e em toda parte.

Sob o martelo da austeridade, a unidade nacional e a coesão social estão se desfazendo. Para as regiões com mais apego à independência, como a Catalunha, a condução da crise pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy parece ter por objetivo reforçar o controle do governo central.

Artur Mas, o presidente da Catalunha, convocou uma eleição urgente, que na prática servirá como referendo para a independência.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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