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Catalunha aprova consulta pública sobre independência da Espanha

Referendo ainda não tem data; governo central ameaça ir à corte constitucional para impedir

Ideia separatista ganha força com crise no país; com PIB superior ao de Portugal, região pediu a Madri ajuda de € 5 bi

DE LONDRES

O Parlamento da Catalunha aprovou ontem resolução para promover uma consulta pública à população local sobre a independência da região, dando continuidade a um processo que voltou a ganhar força com a crise econômica na Espanha.

O presidente da região autônoma, Artur Mas, já pedira a convocação de eleições antecipadas para o fim de novembro, visando a possibilidade dessa consulta sobre o que chama de "autodeterminação" da Catalunha. O referendo deve acontecer após a nova legislatura ter início.

A proposta foi aprovada por ampla maioria: dos 135 deputados da região, 84 votaram a favor da convocação, 21 contra e 25 se abstiveram.

O governo da Espanha, que até então mantinha certo distanciamento da questão, se manifestou ontem com termos mais duros e prometeu recorrer à corte constitucional do país para impedir a convocação do referendo.

A vice-premiê, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmou que "há instrumentos jurídicos e judiciais para parar a consulta, e um governo que está disposto a usá-los".

Santamaría prosseguiu: "A consulta seria sobre um assunto que afetaria o conjunto do censo eleitoral, porque cabe a todos nós, espanhóis, decidir sobre a organização de nosso Estado".

A Constituição do país, de 1978, afirma no artigo 2º a "indissolúvel união da nação espanhola" -que hoje se divide em 17 regiões autônomas.

A Catalunha, mesmo com todo o histórico de discurso separatista e hostilidade ao governo central, precisou recorrer a um empréstimo de € 5 bilhões de Madri em agosto, sem o qual não poderia pagar dívidas de curto prazo.

O PIB catalão é de € 210,15 bilhões, o maior entre as regiões do país e superior ao de Portugal (€ 170 bilhões), que também precisou de socorro financeiro da Europa.

As tensões entre a Catalunha e o governo central aumentaram a partir do pedido de socorro, necessário também para que a região cumprisse a meta de deficit estipulada por Madri. À época, o porta-voz da Catalunha, Francesc Homs, afirmou que não aceitaria "condições políticas" em troca do dinheiro.

(RODRIGO RUSSO)

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