Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Rival de Chávez atrai multidão em comício

Capriles, que disputa eleição presidencial no domingo que vem na Venezuela, ataca falhas em serviços públicos

Uma das críticas foi ao patrocínio em 2006 da escola de samba Vila Isabel; 3 militantes da oposição foram mortos

Lenan Morales/Prensa Comando
Rival de Hugo Chávez na eleição presidencial, Henrique Capriles acena a seus apoiadores durante comício que lotou importante avenida da capital Caracas
Rival de Hugo Chávez na eleição presidencial, Henrique Capriles acena a seus apoiadores durante comício que lotou importante avenida da capital Caracas

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

Numa demonstração de força, o candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, reuniu ontem uma multidão no coração de Caracas.

A uma semana da eleição, ele foi acompanhado por milhares de simpatizantes que lotaram a avenida Bolívar, no centro da capital (não houve estimativa independente de presença de público).

Apesar de ter diminuído a distância para Chávez nas pesquisas, o candidato opositor ainda perde por 49% a 39%, segundo o respeitado instituto Datanálisis.

No entanto, outro renomado instituto, o Consultores 21, afirma que há empate técnico entre os dois, com vantagem para Capriles.

Em seu discurso, o opositor fez um duro ataque às falhas de serviços públicos no governo Hugo Chávez (no poder há 14 anos), ironizou promessas não cumpridas e criticou a política externa oficial de ajudar países vizinhos.

Chegou a incluir na crítica o patrocínio, em 2006, à escola de samba carioca Unidos de Vila Isabel.

Capriles se dirigiu várias vezes aos chavistas descontentes, grupo crucial na votação do próximo domingo, e manteve sua mensagem contra a polarização política, prometendo governo para "todos, não só uma facção".

"[Os] que hoje ainda acreditam neste projeto de governo, mas sabem que as coisas não vão bem, façam as contas", disse Capriles.

O candidato, da coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade), usou o assassinato anteontem de três militantes da oposição em Barinas, no oeste do país, para criticar a "intolerância".

"Foi fruto da intolerância. Em 8 de outubro vamos construir uma Venezuela de paz. Os derrotados vão ser os violentos."

O governo diz que foram presos três suspeitos de serem os assassinos dos militantes.

EFICIÊNCIA

Como nas últimas semanas, o discurso de Capriles centrou-se nos problemas cotidianos, como violência, falta de água e luz, numa mensagem que parece ter atingido o presidente.

Na sexta, Chávez prometeu "mais eficiência na gestão de governo" no seu próximo mandato.

"Algumas pessoas podem estar insatisfeitas por falhas de nosso governo, que não consertaram a rua, que não chegou a luz", disse o presidente. "Mas o que está em jogo é maior que eficiência. O que estamos apostando é a vida da pátria", disse.

Foi a deixa para que Capriles respondesse ontem. O opositor de 40 anos disse que Chávez deixou "bem clarinho" que ele só pensa em poder. "Eu venho dizer que o importante são vocês, o povo da Venezuela. O que importa são as soluções dos problemas. [...] O resto é politicagem".

Capriles tem ironizado a grandiloquência do programa de governo de Chávez, especialmente na política externa. Ontem, dedicou parte do discurso para ler projetos de cooperação do governo no exterior, como uma refinaria na Jamaica ou ajuda a Honduras.

Na lista do "dinheiro dado de presente", incluiu o patrocínio -segundo ele, de US$ 900 mil- à escola de samba brasileira.

"Nós podemos sair daqui -eu convido vocês- a visitar alguns hospitais do nosso país onde agora não há nem gaze. Mas sim há recursos para desfiles de samba", disse, arrancando gritos da plateia.

Leia especial da eleição
folha.com/122712

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.