Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Análise Liderança do presidente é mais precária do que aponta sua vitória DIOGO COSTAESPECIAL PARA A FOLHA Para se manter no poder de modo eficaz, um líder político deve manter uma coalizão pequena e homogênea, alimentada por privilégios sustentáveis e bem direcionados. Se essa regra, formulada pelo cientista político Bruce Bueno de Mesquita, está correta, a liderança de Hugo Chávez é mais precária do que aponta sua vitória. Vencer uma eleição nacional com 54% dos votos pode satisfazer o presidente de qualquer República. Mas a pequena maioria parece um feito modesto para um presidente que conta com o controle da mídia, do Judiciário, das Forças Armadas e de uma economia estatizada. Manter o aparato estatal está cada vez mais caro para Chávez. Estima-se que ele tenha tomado mais de US$ 40 bilhões em empréstimos da China em troca de futura exploração de petróleo. O endividamento é necessário para Chávez comprar a lealdade privilegiada do seu eleitorado, com construções e mais programas sociais. A importante diferença política entre distribuir privilégios e fazer a economia crescer é que a distribuição não financia a si mesma. Abundância em petróleo não é substituto ao aumento da produtividade. Por mais que Chávez use manipulação monetária, controle direto da economia e endividamento, no longo prazo seu socialismo parece insustentável. Conforme se esticam os esforços para atrair o número de beneficiados com a política chavista, tornam-se mais plurais os interesses da coalizão que preserva a estrutura de poder na Venezuela. Não é de se espantar que o discurso de Chávez está tendo que se adaptar e ser mais inclusivo, sem repetir os xingamentos à oposição que se ouviam no passado. Talvez a pessoa de Chávez seja o único ponto de união em um governo dividido entre civis e militares. Sua eventual morte pode fragmentar os governistas frente a uma oposição alinhada. O próximo teste ocorrerá com as eleições regionais de dezembro. Os riscos para o poder de Chávez são muitos e uma alternativa ao chavismo nunca foi tão clara. DIOGO COSTA é professor de relações internacionais no Ibmec/MG e coordenador do projeto Ordem Livre Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |