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FMI acredita que 'pouso forçado' da China é improvável

Estudo do Fundo prevê que a Ásia, puxada pelos chineses, crescerá neste ano dois pontos acima da média mundial

Ministro brasileiro da Fazenda critica atraso em redefinição das cotas do FMI; diretora, porém, vê 'progresso'

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Apesar de a China dar sinais de desaceleração mais brusca do que o esperado, o Fundo Monetário Internacional praticamente descartou um "pouso forçado" da maior economia mundial devido a estímulos de crescimento gerados dentro do país.

"Nossa avaliação é que isso é possibilidade remota", disse ontem Anoop Singh, diretor para a Ásia do FMI, sobre o maior parceiro comercial do Brasil. "Os números estão reconhecendo claramente que a China crescerá neste ano cerca de 7,75%."

A declaração ocorreu durante a apresentação de relatório sobre o cenário econômico asiático. O estudo afirma que, apesar de apresentar neste ano o menor crescimento do PIB desde 2008, a região crescerá dois pontos percentuais acima da média mundial em 2012, puxada principalmente pela China.

O governo chinês estabeleceu 7,5% como meta de crescimento para este ano, em meio à tentativa de promover mudanças estruturais na economia, com menos dependência de investimentos e exportação e mais estímulo ao consumo interno.

Parte da desaceleração, porém, está ligada ao cenário mundial, principalmente à União Europeia, maior parceiro comercial da China.

A previsão do FMI é que a Ásia cresça 5,4% neste ano e 5,9% em 2013. Para a China, as estimativas são 7,8% e 8,2%, respectivamente.

O informe, porém, afirma que dois terços do setor de exportação asiático dependem da demanda dos EUA e da União Europeia, onde a retomada do crescimento é bastante mais incerta. Uma piora na economia dessas regiões teria, portanto, um importante impacto na Ásia.

REFORMA DAS COTAS

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou duramente o atraso nas negociações para a reforma das cotas do Fundo. Para ele, a entidade corre o risco de perder a credibilidade caso não cumpra a ampliação na participação de países emergentes, entre os quais o Brasil, que foi aprovada em 2010.

"Infelizmente, estamos testemunhando (...) tentativas de alguns países do G20 de retroceder sobre esse e outros comprometimentos", afirma Mantega, em discurso que será lido hoje e foi distribuído previamente.

"Achamos isso profundamente perturbador e não vamos tratá-lo com despreocupação. Todos devem perceber que qualquer tentativa de 'reinterpretar' compromissos, especialmente aqueles feitos no nível dos líderes, traz o risco de danificar irreversivelmente a credibilidade dos países que renegam suas promessas, assim como a do G20 e a do FMI."

A principal divergência entre os maiores 24 acionistas atuais do Fundo está no cálculo das cotas. Países emergentes, como o Brasil, defendem que o peso seja apenas com relação ao tamanho do PIB, "um indicador de medida clara e amplamente usada", segundo Mantega.

Mas há países no Conselho Executivo que defendem a fórmula atual, que leva em conta outros fatores, principalmente a abertura do setor financeiro de cada nação.

Pelo cronograma acordado, a nova fórmula para o cálculo das cotas deve ser aprovada até janeiro do ano que vem, para ser implementada 12 meses mais tarde.

O tom pessimista de Mantega contrasta com o otimismo demonstrado pela diretora-executiva do Fundo, Christine Lagarde. Ontem, ela disse que tem havido "grande progresso" rumo à reforma.

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