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'Meu corpo todo queimava', diz vítima de ataque

DE SÃO PAULO

Leia abaixo trecho do estudo "Vivendo sob os drones", com relatos de vítimas dos ataques dos EUA.

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"Na noite de 23 de janeiro de 2009, no vilarejo de Zeraki (Waziristão do Norte), parentes e vizinhos se reuniram na casa do líder local Mohammad Khalil.

Às 17h, os presentes ouviram um som similar ao apito de um míssil e abaixaram a cabeça. O míssil atingiu o meio da sala, explodindo teto e telhado e estilhaçando as janelas. O impacto rachou as paredes das casas vizinhas.

Faheem Qureshi, 14, estava a alguns passos do centro da sala e sofreu fratura no crânio, além de ter sido atingido por estilhaços e sofrido queimaduras em todo o lado esquerdo do corpo e do rosto. Todos os outros reunidos na sala foram mortos, inclusive mulheres e crianças.

Nos primeiros momentos depois do ataque, Faheem disse que 'não conseguia pensar'. 'Eu sentia que meu cérebro tinha parado de funcionar e meu coração estava queimando', disse. 'Meu corpo inteiro queimava e ardia.'

Faheem queria jogar água em seu rosto, mas não conseguia encontrar nenhuma. Após alguns minutos, conseguiu sair da casa e ir até a rua, onde foi encontrado por vizinhos e levado ao hospital.

Faheem perdeu seu olho esquerdo e teve de substituí-lo por um olho de vidro. Ele perdeu a audição de um dos ouvidos. A visão em seu olho direito ainda é embaçada e ele tem dificuldades para se mover.

O primo de Faheem, Ejaz Ahmad, não foi à reunião e descobriu, na manhã seguinte, que seu tio Khush Dil Khan morrera. 'Os corpos estavam completamente destruídos', contou.

Khalil deixou nove filhos. Sua casa está sem teto até hoje. Sem o provedor, a família não tem dinheiro para consertos."

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