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Hollande ataca ênfase de Merkel à austeridade no combate à crise

Para o presidente francês, recessão é tão grave quanto a dívida

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O presidente da França, François Hollande, atacou ontem a forma como a chanceler alemã, Angela Merkel, tem conduzido o combate à crise na zona do euro.

Para Hollande, a recessão econômica é um problema tão grande quanto a questão da dívida pública na região.

Em entrevista publicada por um grupo de jornais europeus, incluindo o britânico "Guardian" e o francês "Le Monde", Hollande pediu que a Alemanha, maior economia do continente, suavize sua pressão por austeridade e cumpra o combinado no Conselho Europeu de junho.

Nessa reunião, os líderes europeus acertaram a recapitalização direta de bancos pelos fundos de resgate a países em crise e a adoção da supervisão bancária na zona do euro, mas a Alemanha está impedindo a implementação dessas propostas.

"Vamos parar de pensar que há apenas um país que vai pagar pelos outros. Isso é falso", disse Hollande. O presidente prosseguiu nas críticas: "Não escapou de minha atenção que aqueles que são rápidos em pedir união política frequentemente são os mais reticentes quanto às medidas urgentes".

Hollande também sugeriu que Merkel está mais preocupada com a política interna alemã na resposta à crise -o país terá eleições no ano que vem. "Entendo isso, e posso respeitá-la. Mas todos temos nossas próprias opiniões públicas. Nossa responsabilidade comum é colocar em primeiro plano as necessidades da Europa", afirmou.

Entre hoje e amanhã, os líderes europeus estarão novamente reunidos em Bruxelas para discutir a implementação da união bancária.

As declarações do presidente francês, às vésperas do encontro do Conselho Europeu, mostram a mudança nas relações entre a França e a Alemanha após a eleição do socialista Hollande, em maio deste ano. Durante a gestão de Nicolas Sarkozy, a pauta franco-germânica estava mais alinhada.

Os líderes dos dois países sempre mantinham uma reunião antes de o encontro europeu começar, o que já não havia ocorrido na primeira reunião sob Hollande.

Ontem, os mercados financeiros celebraram o fato de a agência de classificação de riscos Moody's não ter rebaixado a avaliação dos títulos da Espanha, embora tenha perspectiva negativa.

Outro país que sofre com a crise, a Grécia, encerrou uma rodada de negociações com os credores internacionais, mas o acordo sobre novos aumentos de impostos e cortes de gastos, no total de € 13,8 bilhões, não será concluído antes do fim do encontro de líderes europeus.

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