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Análise

Desempenho causa mais preocupação para o mundo do que para a China

LIA VALLS PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O PIB trimestral da China vem registrando uma trajetória de redução nas taxas de crescimento em relação a iguais períodos do ano anterior desde o primeiro trimestre de 2011.

Essa tendência foi confirmada pelo resultado anunciado pelo governo chinês para o PIB no terceiro trimestre de 2012 -aumento de 7,4% em relação ao terceiro trimestre de 2011.

Logo, o crescimento anual, em 2012, deverá estar próximo da menor variação registrada na série, desde 1991.

No ano de 1999, o PIB cresceu 7,6% e para 2012 as estimativas variam entre esse mesmo valor e 7,8%.

Para a China, o resultado não deve gerar preocupações. Metas de taxas de crescimento de dois dígitos pertencem ao passado.

No último plano quinquenal (2011/2014), a taxa média anual prevista de crescimento do PIB foi de 7%.

A menor taxa está associada a uma mudança nas diretrizes das fontes de crescimento do país, onde são priorizadas uma melhor distribuição de renda e o aumento da participação do consumo e dos serviços no PIB.

O tema do desenvolvimento sustentável em termos de um crescimento menos danoso para o meio ambiente e a questão de uma melhor distribuição dos benefícios do crescimento passaram a fazer parte da agenda chinesa, embora ainda haja um longo caminho a percorrer.

Na análise conjuntural, o governo chinês havia fixado a meta de 7,5% para 2012, o que será cumprido com uma pequena folga.

Os resultados do mês de setembro apontaram para um aumento na taxa de crescimento nas vendas a varejo e nas exportações. Também continuaram a serem criados novos postos de trabalho.

Logo, parece que não serão necessárias medidas de estímulo pelo governo, e é possível que a trajetória de queda do PIB para esse ano tenha terminado.

Se o resultado para a China não preocupa, o resto do mundo fica atento a cada ponto de percentagem de queda no PIB chinês.

As incertezas que rondam a retomada de uma trajetória de expansão nos EUA e na Europa levam a que o papel da China como um dos principais motores de crescimento da economia mundial continue em plena vigência.

E como fica o Brasil? Mesmo com a queda de preços das commodities, como ocorreu esse ano, e que não se repita a escalada de preços dos anos anteriores, o aumento de consumo e a urbanização chinesa contribuem para o aumento da demanda de alimentos.

Além disso, os investimentos em infraestrutura podem diminuir de ritmo, mas não estão completos. A demanda pelo ferro irá continuar.

LIA VALLS PEREIRA é pesquisadora IBRE/FGV e professora da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ

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