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Análise

Republicano migra ao centro e tem vitória na série de debates

GERALDO ZAHRAN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com o fim dos debates presidenciais, a conclusão clara é de que o grande vencedor foi Mitt Romney.

Antes do primeiro debate, em 3 de outubro, o republicano estava atrás em todas as pesquisas. Após o debate de anteontem, Romney está em virtual empate técnico com Obama no eleitorado geral. Agora, o republicano tem ao menos uma chance.

Dois motivos explicam a mudança. O primeiro é o fiasco de Obama no primeiro encontro. A expectativa era que Obama encerrasse de vez com as esperanças republicanas.

Em vez disso, um presidente reticente e desinteressado subiu ao palco em Denver, e deu novo animo à oposição. Por mais que Obama tenha ganhado os dois debates subsequentes, essas vitórias argumentativas não apagaram a derrota simbólica do primeiro embate.

O segundo motivo é a mudança das propostas e do tom geral de Romney. Ele desvencilhou-se do Tea Party, ala radical do Partido Republicano, e adotou posições mais ao centro em temas sociais e economia. A mudança atraiu eleitores indecisos e impulsionou-o nas pesquisas.

O movimento ficou explícito no terceiro debate. Afora preciosismos, o grau de concordância entre os candidatos em política externa foi notável. A meta de um desafiante é provar que ele pode ser um líder confiável das Forças Armadas e garantir a segurança nacional. Romney fez a aposta mais segura: adotou posições de política externa moderadas. O detalhe foi serem essas as mesmas políticas implementadas e defendidas por Obama.

O melhor exemplo disso foi quando Romney disse que a estratégia de Obama no Afeganistão funcionou e que ele cumpriria a retirada prometida pelo presidente até 2014.

Por anos, republicanos vêm denunciando o aumento de tropas e as políticas de Obama no Afeganistão como ineficazes e prejudiciais à segurança nacional. Romney decidiu ficar do lado do presidente.

A estratégia geral de ambos é semelhante. Romney não correu riscos e espera que o impulso das últimas semanas se converta em vitória.

Obama continuou a apontar inconsistências e constantes mudanças de opinião de Romney, descrevendo-o como um político não confiável.

Se Romney aposta em uma vitória pelo movimento inercial do primeiro debate, Obama está apoiado na defesa de Estados-chave que lhe garantiriam a vitória no colégio eleitoral. Em 6 de novembro, conheceremos o resultado.

GERALDO ZAHRAN, professor da PUC-SP, é o autor de "Tradição Liberal e Política Externa nos Estados Unidos" (Apicuri/PUC-Rio-2012).

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