Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Jornal se arrisca e passa pelo teste da transparência on-line

NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

Em resposta a um leitor na semana passada, a editora-executiva do "New York Times", Jill Abramson, saudou a ombudsman Margaret Sullivan, que "traz nova energia ao cargo por se sentir confortável em blogs e outras formas digitais".

Anteontem, diante do escândalo sobre acobertamento de pedofilia na BBC, Sullivan blogou que a cobertura do "NYT" não vinha questionando Mark Thompson, ex-diretor-geral da rede britânica, escolhido para presidente-executivo do próprio "NYT". Ele estava naquele momento no prédio do jornal e deveria ser entrevistado "agressivamente".

Ainda anteontem, surgia no site uma entrevista com Thompson. O executivo respondeu aos questionamentos, disse não ter ordenado a suspensão de uma reportagem da BBC sobre pedofilia envolvendo uma estrela da rede, mas os repórteres Christine Hauchney e David Carr apontaram contradições, evidenciando a possibilidade de estar mentindo.

Thompson deu pelo menos mais duas entrevistas, ontem, uma à Reuters, outra ao "Guardian", e se contradisse ainda mais, alterando versões sobre o que sabia do episódio, como foi informado, como reagiu. Declarou que continuava com o apoio da direção do "NYT" e que esperava ser "grelhado", questionado, pelo jornal.

Paralelamente, o editor-executivo do jornal até o ano passado, Bill Keller, surgiu ao vivo na própria BBC para afirmar que a cobertura do "NYT" chegaria "ao fundo" da história e que, sim, seria um problema se concluísse que Thompson mentiu.

De volta à ombudsman, Sullivan foi elogiada ontem não só por Keller, mas pelo próprio Thompson, dizendo que ela está "completamente certa" em questionar sua nomeação. E no Twitter, em resposta a um leitor, ela escreveu que, "para permanente crédito do 'NYT', todos parecem entender que o editor público [ombudsman] é uma voz independente".

Qualquer que seja o resultado da cobertura, se vai ou não acabar derrubando o presidente-executivo que ainda nem tomou posse, o "NYT" parece estar passando pelo teste da mais ampla transparência, em "blogs e outras formas digitais".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.