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Reino Unido surpreende e foge da recessão

Alta de julho a setembro foi de 1%, depois de três trimestres seguidos de contração; resultado animou especialistas

Olimpíada influenciou crescimento; governo vê resultado com cautela e diz que o caminho para a recuperação é 'longo'

Matt Dunham/Associated Press
Operários trabalham ao lado do estádio olímpico de Londres
Operários trabalham ao lado do estádio olímpico de Londres

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Após três trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto, a economia do Reino Unido enfim conseguiu escapar de seu segundo mergulho na recessão.

Segundo dados divulgados ontem pelo Escritório Nacional de Estatísticas, o país teve crescimento de 1% no terceiro trimestre de 2012, em relação ao trimestre anterior.

O número surpreendeu positivamente analistas e investidores. No segundo trimestre, o PIB britânico encolhera 0,4%, embora o desemprego continuasse a diminuir.

O crescimento de 1% no trimestre é o maior índice dos últimos cinco anos, motivo de comemoração para o governo do país, liderado pelo premiê David Cameron, do Partido Conservador.

Seu gabinete vem implementando diversas medidas de austeridade, que se tornavam ainda mais questionadas com a recessão.

Em entrevista à Folha no mês passado, por ocasião de sua visita ao Brasil, Cameron havia afirmado que a recuperação econômica do Reino Unido seria "um processo lento e difícil" e que por isso fazia tudo o que podia para impulsionar o comércio.

Ontem, o ministro das Finanças, George Osborne, adotou tom similar: "Ainda há um longo caminho a percorrer, mas esses números mostram que estamos na direção certa", disse ele.

A economia local foi beneficiada pelo fato de Londres ter sediado os Jogos Olímpicos no terceiro trimestre, entre julho e agosto.

Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas britânico, apenas a venda de ingressos para a competição foi responsável por um crescimento de 0,2% no PIB.

Apesar disso, o PIB britânico permaneceu estável na comparação anual. O setor de serviços foi responsável pela maior parte do crescimento no terceiro trimestre, com aumento de 1,3%. No segundo trimestre, os serviços registraram queda de 0,1%.

O setor industrial conseguiu aumento de 1,1%, mas o segmento de construção permaneceu em baixa, com redução de 2,5%.

O professor Ramon Pacheco, do King's College de Londres, afirmou à Folha que o Reino Unido deve manter o crescimento no último trimestre do ano, porque os gastos dos britânicos no Natal costumam aumentar.

Pacheco ressalta, no entanto, que os britânicos devem permanecer cautelosos quanto ao desempenho da economia local. "Enquanto a crise na zona do euro permanecer, o Reino Unido continuará a ser afetado. Embora tenha laços com países emergentes, o comércio ainda é muito mais significativo com a União Europeia", afirma.

Projeções feitas no fim do ano passado indicam que o Reino Unido perdeu para o Brasil o sexto lugar entre as maiores economias mundiais -o PIB britânico ficou em US$ 2,41 trilhões, e o brasileiro, em US$ 2,44 trilhões.

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