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Análise

Alta de 1% não é o bastante para criar sentimento de bem-estar

TIM MONTGOMERIE
DO “GUARDIAN”

A SITUAÇÃO É INCERTA; UMA REAÇÃO DE JÚBILO AGORA PARECERá TOLA SE O QUADRO ECONÔMICO NO MUNDO PIORAR

As cifras anunciadas do PIB britânico, que superam as previsões, trazem alívio enorme para o governo -mais um trimestre de cifras negativas e ele ficaria sob pressão política enorme; agora, ganhou algum tempo.

É importante que o governo reaja com sobriedade. A situação econômica ainda é extremamente incerta. Uma reação de júbilo agora pode parecer tola em três, seis ou 12 meses se o quadro econômico global se agravar.

Não há lugar para complacência em relação ao crescimento. A carga tributária britânica ainda é alta e complexa demais. A política energética continua confusa.

O governo está pedindo aos bancos que concedam mais crédito e, ao mesmo tempo, que acumulem capital. Deveríamos adotar uma política regulatória contracíclica para os bancos. Os liberal-democratas ainda estão criando obstáculos às reduções necessárias na burocracia. Um trimestre de PIB melhor não constitui desculpa para desacelerar a procura de políticas pró-crescimento.

Retomada econômica não significa necessariamente retomada política. Se você não acreditar em mim, basta perguntar ao ex-premiê John Major. Seu governo foi afundado pela corrupção e pela impressão de que ele não segurava forte as rédeas do país.

Embora uma recuperação econômica seja necessária para uma recuperação política, não será o bastante para David Cameron. Ele também precisa demonstrar mais competência (receio que ele tenha perdido a oportunidade de lançar uma revisão operacional fundamental da administração britânica) e ter uma mensagem a transmitir aos setores mais pobres.

Apenas para sublinhar novamente, o crescimento não significa necessariamente que haverá um sentimento de bem-estar. Alguns dados sugerem que os britânicos disporiam de £ 1.800 (R$ 5.900) a mais hoje se o país tivesse continuado na trajetória econômica anterior ao crash.

Não é preciso acreditar nesses dados para saber que o aumento das tarifas domésticas de energia e a perspectiva de alta das prestações dos financiamentos imobiliários -que podem facilmente acompanhar um aumento do crescimento- vão fazer com que a recuperação econômica cause sofrimento.

Os trabalhistas já chegaram ao máximo do pessimismo e vêm fazendo oposição a cada decisão econômica difícil que o governo Cameron tomou. Na fase de estagnação do ciclo econômico, isso rendeu dividendos eleitorais.

Mas o que dizer se o público, especialmente quando a próxima eleição chegar, acreditar que o remédio foi necessário e está funcionando?

Tradução de CLARA ALLAIN

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