Eleições EUA

'Mães do Walmart' são prioridade nos EUA

O que chamou a atenção de Maria no debate presidencial sobre política externa, na segunda, foi que Barack Obama prometeu contratar mais professores. Mary Ann queria saber como Mitt Romney planeja criar empregos. Graciela acha que o presidente reclama muito. Para Susan, o rival republicano muda demais de ideia.

Mulheres assim -de classe média e média baixa com filhos menores de 18 anos, identificadas como "mães do Walmart" por comprarem nessa rede- viraram o alvo preferencial dos candidatos à Casa Branca na reta final.

Pesquisas indicam empate a 11 dias da votação.

Nos debates, nos comerciais de campanha e nos discursos, Obama, Romney e seus estrategistas têm tido sempre a preocupação de apelar a elas.

O presidente tem feito comerciais sobre como sua reforma da saúde as beneficiou, enquanto seu oponente republicano, acusado pelos democratas de insensível, evoca o orçamento doméstico para falar da economia.

A importância dada a essa parte do eleitorado é tanta que a consultoria republicana Public Opinion Strategies e a democrata Momentum Analysis montaram um grupo de observação para monitorar as eleitoras durante a campanha. As quatro mulheres citadas acima (sem sobrenomes) são parte dele.

"Em 2008, elas escolheram Obama", escrevem os pesquisadores. "Em 2010, a maioria delas aprovava o presidente, embora se dividissem em preferência partidária, e no fim acabaram favorecendo os republicanos."

Na última eleição presidencial, as mulheres foram 53% do total de eleitores que votaram, e os pesquisadores estimam que as mães do Walmart sejam 16% do todo -mais numerosas, portanto, que o eleitorado negro (13%) ou latino (9%).

Obama manteve vantagem entre elas ao longo dos últimos meses, mas sua margem tem diminuído, tornando o grupo mais disputado (Romney lidera entre os homens com uma frente cristalizada).

Em seu último levantamento, o Gallup aponta oito pontos percentuais a mais para o democrata entre elas (54% a 46%).

Ontem, porém, outro levantamento que antes dava vantagem ao presidente com as mulheres, o da agência Associated Press com o jornal "USA Today", mostrou empate entre os candidatos.

ABORTO

A distinção é importante para que os candidatos afinem o discurso. Embora a economia seja tema central para ambos os sexos, levantamento feito entre os dias 5 e 11 pelo Gallup nos 12 Estados que devem decidir a eleição mostrou que, ali, as mulheres têm como maior preocupação o aborto (39%).

Só depois citam empregos (19%), assunto preferido dos homens (38%). Em seguida, para elas, estão assistência medica, a economia (16%) e a igualdade de tratamento no mercado de trabalho (15%) -tema repisado pelos dois candidatos, mas que nem sequer é listado entre as dez prioridades masculinas.