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Movimento pró-democracia inclui cineastas rebeldes

EM RABAT

Fragmentado, o movimento que tomou as ruas do Marrocos em fevereiro de 2011, pedindo o fim do governo, hoje se divide em diversas frentes.

Nem todas as facetas envolvem protestos em massa diante do Parlamento. "Também estamos fazendo desobediência civil", disse à Folha o cineasta Younes Belghazi, ativista do Guerilla Cinema.

No caso desse grupo, "desobedecer" significa passar por cima da norma que exige que toda produção tenha autorização do órgão regulador.

O Centre Cinématographique Marocain (CCM, centro cinematográfico marroquino), que remonta ao protetorado francês no país (1912-1956), é visto como um braço do controle social no reino.

"Se o CCM aceitar minha proposta de filme, não vou querer fazer", diz Belghazi. "A autorização significa que o filme vai ser a favor do regime."

Esses "guerrilheiros" registraram -sem autorização- as cenas de "475: When Marriage Becomes Punishment" ("quando o casamento se torna uma punição").

O filme, para o qual eles arrecadaram quase R$ 14 mil com doações on-line, tem estreia prevista para janeiro.

São cenas de famílias criadas a partir da lei que pode obrigar uma mulher a se casar com seu estuprador. Em março, o suicídio de uma garota de 16 anos fez do artigo de número 475 um dos alvos do ativismo marroquino.

Por não terem a autorização do regime para filmar, os "guerrilheiros" podem ter equipamentos apreendidos ou serem detidos -como o rapper Mouad Belghouat, preso por insultar a polícia.

Para Belghazi, espalhar o movimento democrático em diversas áreas é uma estratégia eficaz, apesar de analistas já terem apontado a descentralização como uma das razões para a manutenção do regime.

"Seremos fortes se tivermos várias frentes", diz ele.

(DIOGO BERCITO)

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