Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ONU considera ação militar no Mali

Norte do país africano se encontra dominado por grupos radicais islâmicos, incluindo filial regional da Al Qaeda

França, temerosa de enclave extremista perto do Mediterrâneo, tem pressionado por uma intervenção

DO “NEW YORK TIMES”, EM BAMACO (MALI)

Cresce a probabilidade de uma ofensiva militar para recapturar o norte do Mali, sob o domínio de radicais islâmicos, segundo potências ocidentais, organismos regionais e a ONU. É uma mudança marcante de atitude, após meses de hesitação.

Nas últimas semanas, pela primeira vez, formou-se um consenso internacional amplo de que uma guerra pode ser travada em breve na região, uma área equivalente à da França.

O planejamento para tal operação ainda se encontra em fase embrionária.

Autoridades admitem que ainda faltam ser definidos os detalhes básicos. Mas eles enfatizaram que parceiros antes relutantes, incluindo o próprio Mali, estão convencidos do imperativo militar.

Em 12 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU, liderado pela França, aprovou uma resolução declarando "prontidão" para responder aos pedidos do Mali de envio de uma força internacional.

"Para alguns dos grupos mais radicais" que ocupam o norte do Mali, "será preciso recorrer à força militar", disse Jack Christofides, alto funcionário do Departamento de Operações de Paz da ONU.

Representantes da ONU dizem que entre 7.000 e 10 mil soldados podem ser necessários para retomar a região.

As barreiras para a criação dessa força são evidentes. A Nigéria, que tem o maior Exército da África ocidental, está ocupada combatendo seus próprios radicais islâmicos. A Argélia, vista como tendo a força mais eficiente da região, tem relutado em se envolver.

A França, diante de vários sequestros de seus cidadãos e temerosa de um enclave radical tão perto do Mediterrâneo, vem sendo a mais enfática, tendo retomado sua assistência militar ao país.

Mas, assim como os EUA, a França descartou enviar soldados próprios.

Outros fatores que complicam uma possível operação são o clima, a geografia e as táticas de guerrilha empregadas pelos islâmicos.

"Não devemos ser otimistas e imaginar que será um ataque 'cirúrgico' de uma ou duas semanas", falou Christofides. "O maior problema é o dinheiro, porque a operação não custará pouco."

Mas o objetivo é claro: erradicar o regime repressor em vigor no norte do país -composto por um triunvirato de grupos radicais islâmicos, incluindo a filial regional da Al Qaeda-, que há seis meses impõe a uma população local açoitamentos públicos, espancamentos, amputações e apedrejamentos.

Mais de 300 mil pessoas já fugiram da região.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, descreveu o norte do Mali como "um grande enclave" que pode possibilitar aos terroristas "estender seu alcance e suas redes". De acordo com moradores de Gao e Timbuktu, as cidades principais do norte do Mali, os islâmicos que controlam as localidades parecem estar se preparando para uma guerra.

Os EUA vêm enviando aviões de vigilância, e alguns de reconhecimento, para sobrevoar o norte do Mali e a região mais ampla do Sahel, mas até agora têm reservado os aviões de espionagem para missões na Líbia.

Tradução de CLARA ALLAIN

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.