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Eleições EUA

Obama chama

Motivar os eleitores a votar dia 6 é o grande desafio dos voluntários do presidente, mais escassos que em 2008

John Moore/Getty Images/AFP
A eleitora Mozelle Tarver, 87, recebe a visita de voluntário de Obama em Youngstown, no Estado de Ohio
A eleitora Mozelle Tarver, 87, recebe a visita de voluntário de Obama em Youngstown, no Estado de Ohio

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A FAIRFAX (VIRGÍNIA)

É um trabalho árduo -eles batem na porta de mais de 120 pessoas por dia, andando para cima e para baixo por oito horas em média.

São esses voluntários da campanha de reeleição do presidente Barack Obama, com suas modernas técnicas para identificar os eleitores e convencê-los a votar, que podem decidir a eleição, dia 6.

"Esta eleição é essencialmente um esforço de tirar o eleitor de casa", disse à Folha Terry Madonna, diretor da pesquisa eleitoral do Franklin Marshall College.

A reportagem da Folha acompanhou voluntários da campanha de Obama durante seus esforços em Fairfax, na Virgínia, e esteve no escritório da campanha neste Estado decisivo para a eleição.

O maior desafio de Obama em sua campanha para a reeleição é o deficit de entusiasmo. Em 2008, Obama conseguiu animar tanto os americanos que a eleição teve o maior comparecimento em 40 anos -o voto nos EUA não é obrigatório.

Neste ano, Obama e seu rival, Mitt Romney, estão virtualmente empatados e muitos eleitores estão desiludidos com a situação econômica e a polarização política. Então motivar as pessoas a sair de casa e votar (não é feriado o dia da eleição) é crítico.

"Está muito mais difícil conseguir voluntários nesta campanha, eles dão todo tipo de desculpa para não virem bater em portas; em 2008, a gente tinha milhares de pessoas querendo ser voluntários", conta Brian Levy, 37, um dos voluntários de Obama que está participando das missões de "get out the vote" -garantir o voto, em tradução livre.

Hoje existem mais simpatizantes dos democratas (49%) que dos republicanos (36%) nos EUA, além de 15% de independentes.

Mas os republicanos têm maior comparecimento. "Numa eleição apertada, faz toda a diferença", diz Madonna. Os democratas normalmente são mais pobres e menos educados, o que os predispõe a um comparecimento menor nas urnas.

SEGMENTAÇÃO

Obama tinha uma enorme vantagem entre as mulheres -10 a 15 pontos sobre Romney. A margem veio caindo desde o desempenho pífio do presidente no primeiro debate, e hoje é de 8 a 10 pontos.

Ele ganha principalmente o voto das mulheres solteiras, que apoiam mais o papel de assistência do governo.

Por estarem normalmente em situação econômica mais precária, não seguem o dogma conservador de querer um Estado pequeno. Já as casadas se dividem igualmente entre os dois candidatos.

Hispânicos e jovens são outros dois blocos em que Obama leva grande vantagem. Em 2008, 65% dos jovens entre 18 e 29 anos votaram no democrata, e 62% dos hispânicos. Negros votaram entre 85% e 90% em Obama. Neste ano, esses grupos estão menos motivados.

A raça de Obama, que foi um grande fator na eleição de 2008, virtualmente desapareceu na discussão deste ano. A campanha democrata montou uma extensa rede de escritórios no país para organizar os voluntários. Só em Fairfax, em 2008 havia apenas três funcionários contratados. Neste ano, há 70.

Cada voluntário faz de um a três turnos de quatro horas batendo de porta em porta (60 casas por turno) e falando com eleitores.

Eles recebem da campanha listas de eleitores a serem contatados, elaboradas a partir de modernas técnicas de segmentação (chamadas de "microtargeting", ou microdirecionamento).

Com essas técnicas, as campanhas conseguem determinar em minúcias o perfil de cada eleitor: se eles são a favor de porte de armas, liberação do aborto, se são independentes que poderiam ser persuadidos a votar no democrata, se são eleitores de Obama que perigam não sair de casa para votar.

Para chegar às listas, as campanhas monitoram o comportamento de eleitores em registros públicos, comerciais e on-line -americanos que frequentam sites de ultradireita ou assinam revistas sobre armas provavelmente não apoiarão Obama.

Apesar disso, ainda saem para falar com eleitores com um fichário e uma lista de perguntas. "Num mundo ideal, cada voluntário sairia com um iPad", disse à Folha David White, coordenador da campanha na região.

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