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Berlusconi renuncia ao poder na Itália

Premiê não resiste à pressão e entrega o cargo, após aprovação pelo Legislativo de pacote de austeridade para conter a crise

Manifestantes fazem festa nas ruas de Roma; presidente pode indicar hoje economista Mario Monti como substituto

Andrew Medichini/Associated Press
Músicos interpretam 'Aleluia' em frente ao palácio presidencial, em Roma, onde Berlusconi renunciou
Músicos interpretam 'Aleluia' em frente ao palácio presidencial, em Roma, onde Berlusconi renunciou

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após resistir a inúmeros escândalos sexuais, crises políticas e acusações judiciais, Silvio Berlusconi, 75, renunciou ontem ao cargo de primeiro-ministro da Itália.

O ex-premiê deixou o cargo horas após a Câmara dos Deputados aprovar por 380 votos a 260 o Orçamento de 2012, incluindo um pacote de austeridade acertado com a União Europeia.

Apontado como inapto para gerenciar a crise econômica italiana -a dívida do país corresponde a 121% de seu PIB-, Berlusconi vinha sendo pressionado a sair pela reação dos mercados -os juros da dívida bateram recorde nesta semana.

A pressão também vinha da Alemanha e da França, que temem contágio em caso de debacle italiana.

Depois de perder a maioria no Parlamento na última terça, o ex-premiê anunciou que deixaria o cargo somente depois da aprovação do pacote de austeridade.

Especulações de que a exigência de Berlusconi seria uma manobra para estender sua permanência no cargo causaram ainda mais instabilidade, e o presidente Giorgio Napolitano apressou o trâmite do projeto.

As medidas incluem aumento de imposto, congelamento de salários do setor público até 2014 e elevação da idade de aposentadoria.

Na noite de ontem, Berlusconi foi até o palácio presidencial, em Roma, e apresentou a renúncia a Napolitano, sem fazer declarações públicas. Napolitano acenou apoio à indicação do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, considerado um tecnocrata liberal.

O partido de Berlusconi, contudo, ameaça rejeitar a indicação de Monti, embora o ex-premiê já o tenha elogiado publicamente. É provável que Berlusconi condicione seu aval à inclusão no governo de transição de seu braço direito, o subsecretário da presidência Gianni Letta.

Antes de renunciar, Berlusconi dissolveu seu gabinete. Napolitano deve se reunir com as principais forças políticas do país para articular a indicação de Monti, que pode ocorrer ainda hoje.

A queda de Berlusconi põe fim a uma era política na Itália que durou 17 anos. Ele esteve à frente do país durante três mandatos (1994 a 1995; 2001 a 2005 e 2008 a 2011) que juntos somaram nove anos e fizeram dele o político que ocupou por mais tempo o posto de primeiro-ministro desde a Segunda Guerra.

Nesse período, enfrentou crises políticas, escândalos envolvendo orgias e acusações judiciais, entre elas suborno, fraude fiscal, abuso de poder e pagamento por sexo com uma adolescente.

Centenas de pessoas comemoraram sua saída em frente ao palácio presidencial e no centro de Roma desde o início da tarde de ontem.

Cantores e instrumentistas de música clássica interpretaram "Aleluia", de Handel, em frente ao palácio. A comemoração dos demais manifestantes foi menos sofisticada. Entre cartazes e gritos de palavras de ordem, Berlusconi foi chamado de "bufão" e de xingamentos menos sutis.

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