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Mario Monti recebe tarefa de formar governo italiano

Principal missão de novo premiê é tirar o país de grave crise econômica

Economista foi ontem à missa com a mulher e falou em "senso de responsabilidade" para encarar desafios

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Claudio Peri/Efe
O economista Mario Monti e sua mulher, Elza, após missa
O economista Mario Monti e sua mulher, Elza, após missa

A Itália correu muito e, menos de 24 horas após a renúncia do premiê Silvio Berlusconi, o presidente Giorgio Napolitano pediu a Mario Monti que forme novo governo.

Sua missão é tirar a Itália da crise econômica que colocou o país à beira do calote e ameaça arrastar toda a Europa. Já a razão da pressa é convencer os mercados e os demais líderes europeus de que a Itália se deu conta de seus problemas e pretende enfrentá-los com urgência.

"É indispensável recuperar a confiança da Europa e da comunidade internacional", afirmou Napolitano.

Monti, 68, é discreto, com convicções liberais e chega ao principal cargo do país sem ter passado pelo voto. Precisa agora montar seu gabinete, que, especula-se, será pequeno (12 ministros) e com perfil técnico.

Ele próprio é bem mais técnico que político. Formado em economia, deu aulas, participou do conselho das maiores empresas do país e foi comissário europeu, quando cuidou do processo antitruste da União Europeia contra a Microsoft.

Ontem, durante o dia, antes de ser nomeado, Monti saiu de casa para ir com a mulher, Elza, a uma missa.

Ao ser questionado sobre o cargo de primeiro-ministro, disse que o dia estava lindo.

A combinação mulher-missa-poucas palavras reforça a imagem de um "anti-Berlusconi", o falastrão ex-primeiro-ministro famoso pelas gafes e pelas festas "bunga bunga", organizadas em sua casa com garotas de programa.

"Pretendo cumprir minha tarefa com grande senso de responsabilidade. Em momento de particular dificuldade para a Itália e de turbulência para a Europa e o mundo, nosso país precisa encarar seus desafios", disse.

Por ora, ele tem o apoio dos principais partidos italianos, inclusive o Povo da Liberdade, de Berlusconi.

Mas há divergência sobre a duração do governo. O presidente Napolitano diz que a grave crise não permite ao país viver as incertezas de uma campanha eleitoral. Prefere manter o calendário de eleições em 2013. O Povo da Liberdade quer antecipar.

Monti terá de implementar o novo pacote de austeridade que foi aprovado pelo Parlamento na sexta e no sábado.

Entre as medidas estão aumento do imposto sobre o consumo, congelamento dos salários do setor público até 2014 e elevação da idade mínima para aposentadoria. Além de privatizações.

TESTE

Tudo para baixar a dívida, que atingiu € 1,9 trilhão

(R$ 4,5 tri), ou 121% do PIB.

Hoje ocorre o primeiro teste de Monti: como se comportarão os mercados.

Na semana passada, após Berlusconi perder a maioria no parlamento e anunciar a renúncia, títulos da dívida de dez anos chegaram a ser negociados com juros de quase 8% ao ano. Um recorde.

Como Berlusconi havia condicionado sua saída à aprovação do pacote de austeridade, temia-se um longo período de incertezas.

Mas os políticos foram rápidos e em seis dias liquidaram o processo.

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