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Tecnocratas não têm muito tempo, dizem analistas

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A nomeação de tecnocratas para chefiar os governos da Grécia e da Itália é uma tentativa de recuperar a confiança da população e do mercado financeiro, desiludidos com a liderança política dos dois países europeus.
Mas analistas dizem que, dada a gravidade dos problemas econômicos da Europa, os novos líderes têm pouco tempo para agir, principalmente no caso da Grécia.
Se os dois governos não conseguirem mostrar resultados rapidamente, existe um grande risco de que a restauração do apoio popular e de investidores dure pouco.
O fato de que tanto Lucas Papademos como Mario Monti -novos primeiros-ministros da Grécia e da Itália, respectivamente- têm boas relações na União Europeia é visto como ponto positivo.
Para especialistas, isso pode facilitar o diálogo com a liderança da UE, que tem desempenhado papel central na administração da crise, embora sem resultados concretos até agora.
Mas não altera muito a tarefa difícil que os novos governos têm pela frente: a implementação de medidas drásticas de aperto fiscal.
"É difícil dizer se, por ser um tecnocrata com considerável apoio popular, o novo primeiro-ministro tem mais chances que seu antecessor de implementar cortes de gastos e aumentos de impostos", afirma Blanka Kolenikova, analista de Grécia da consultoria IHS Global Insight.
Blanka acredita que o sucesso de Papademos vai depender em grande medida do apoio dos sindicatos de trabalhadores. O mesmo vale para a Itália:
"Fora do Parlamento, é provável que haja séria oposição à legitimidade do novo governo da parte de sindicatos militantes", diz Eoin Ryan, analista de Itália, também da IHS Global Insight.
Pode contar a favor de Monti a experiência bem-sucedida de seu país com governos liderados por tecnocratas em outros momentos difíceis na década de 90.
"Governos tecnocráticos funcionaram na Itália no passado", diz Ryan.
Além disso, a Itália tem fundamentos macroeconômicos relativamente sólidos em comparação com a Grécia, que está quebrada.
Ambos os países possuem dívidas elevadas, mas a Itália tem mais espaço para agir. Enquanto a Grécia enfrenta dificuldade endêmica para arrecadar impostos, a Itália conta com uma taxa elevada de poupança doméstica e deficit orçamentário menor.

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