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Espanha vive temor de ser a 'bola da vez'

A menos de uma semana da eleição que definirá novo premiê, prêmio de risco dos títulos do país atinge recorde

Índice mede perigo de calote, na avaliação do mercado; governo e oposição negam que socorro seja necessário

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

A Espanha sentiu os tremores do "terremoto" político e econômico que atingiu a Itália na semana passada. A dias de eleger seu próximo premiê (neste domingo, dia 20), o país se desestabilizou com a turbulência italiana e teme ser a próxima peça no dominó da crise europeia, depois do resgate a Grécia e Portugal.
Dentro do país, o governo e até a oposição, favorita nas eleições, buscaram acalmar o mercado afirmando que não será necessário resgate.
Isso não foi suficiente para dissipar o temor de contágio da crise italiana, que aumentou com as projeções negativas divulgadas ao longo desta semana. O principal indicador do contágio foi o prêmio de risco espanhol, que ontem chegou a 432 pontos -nível recorde desde a entrada da Espanha na União Europeia, há 25 anos.
"Prêmio de risco" é a diferença entre o rendimento dos títulos espanhóis e o dos alemães, os mais seguros do continente. Os investidores exigem um retorno maior para aceitar correr o risco de calote -quanto maior esse risco for, maior será o prêmio.
Por menos que isso, em agosto, o Banco Central Europeu teve que comprar títulos da dívida espanhola -e da italiana-, para evitar um colapso na economia dos países e acalmar os mercados.
Desde então, a economia espanhola parou de crescer, o desemprego aumentou e a expectativa de reduzir o deficit a 5% despencou.
Na semana passada, o instituto de estatísticas informou que o PIB espanhol ficou estancado no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior.
E não deve voltar a crescer antes de 2013, segundo estudo da União Europeia. Até lá, a UE também prevê que o desemprego se manterá alto e o deficit ficará maior do que os 3% recomendados para os países do euro.
No relatório da UE, o prognóstico para a Espanha é ainda pior que o da Itália, para a qual se estima crescimento de 0,5% em 2011.
"A Itália também está na união monetária e fiscal, mas não conseguiu evitar seu rompimento. Temos de fazer de tudo para não cair na mesma situação", disse o presidente da Associação Espanhola de Bancos, Miguel Martín, que exigiu medidas rápidas do próximo governo.
O alerta aumentou o teor econômico da campanha eleitoral, marcada pelo desemprego (superior a 20%) e pela continuidade da crise.
No debate televisivo que travaram na semana passada, a palavra mais citada pelos dois principais candidatos -Mariano Rajoy, da oposição, e Alfredo Rubalcaba, do governo- foi "desemprego", segundo levantamento.
"A crise da Itália não é boa para nenhum dos dois candidatos. Para Rubalcaba, é sinal de que o governo atual, que o apoia, não conseguiu blindar a Espanha. Para Rajoy, que deve ganhar, significa um pepino a mais para resolver assim que assumir", afirmou o analista econômico Javier Soto.

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