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Dúvida sobre novo governo dispara risco da Espanha

A 5 dias da eleição, mercado questiona se futuro premiê conseguirá gerenciar a crise

Investidores pediram ontem retorno recorde por papéis espanhóis; fenômeno se alastra por outros países do bloco

LUISA BELCHIOR
DE MADRI

Repercutiu na Espanha a reação dos mercados financeiros à incerteza com a mudança de comando na Itália e na Grécia.
O país viveu ontem turbulência no mercado financeiro, puxada pelas dúvidas sobre se o futuro premiê, a ser eleito no próximo domingo, será capaz de blindar a Espanha da necessidade de ajuda financeira internacional.
O prêmio de risco espanhol -diferença entre o retorno que o governo paga aos investidores por um título em relação a similar alemão- alcançou o recorde de 4,58 pontos percentuais.
A Bolsa de Madri fechou em baixa de 1,6%. Só foi superada pela França (-1,9%). É que, desta vez, a pressão e a desconfiança dos mercados extrapolou os limites do sul da Europa e contagiou toda a zona do euro. França, Bélgica e Áustria viram disparar seus prêmios de risco.
O rendimento dos bônus também bateu recorde ontem, alcançando os 6,34%. "Custa-me acreditar que aguentemos mais de uma semana assim. A solução é que o Banco Central Europeu compre reservas, para estabilizar o preço dos bônus", diz o economista-chefe da corretora Intermoney, José Carlos Diez, que atribui à Espanha o papel de "vítima".
"Acho que o problema da Europa é a Grécia. O resto é contágio. Claro que estamos [na Espanha] mais expostos, como a Itália, mas, se fosse um problema só do sul da Europa, por que cairiam ações dos bancos franceses e alemães como hoje [ontem]?"
O porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, também defendeu a Espanha. "A pressão dos mercados não é só por fatores internos da Espanha, é mais completa".
O tema contagiou a agenda de ontem da campanha eleitoral. O oposicionista Mariano Rajoy, favorito nas eleições, teve que responder a dúvidas do mercado se será capaz de fazer frente à crise.
"Há desconfiança dentro e fora, mas é isso que vamos romper. Esse é o desafio para os próximos anos", afirmou Rajoy, que passou a semana tentando se afastar da imagem de "tecnocrata" dos premiês da Itália e Grécia.

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